A empresária e joalheira Lydia Leão Sayeg conheceu Hebe Camargo em 1997, quando foi levar joias para a apresentadora escolher. “O camarim estava meio desarrumado. Eu tenho TOC e comecei a colocar tudo no lugar. Ficamos amigas. Ia para o camarim dela toda segunda-feira para ajudá-la. Era empatia, nunca fui contratada”, conta.

Na última quarta-feira (20), a relação com a apresentadora ganhou novo capítulo, com a inauguração da Casa Hebe, dedicada a sua memória. O espaço, criado por Lydia e por Marcello Camargo, ocupa uma casa de dois andares que pertence à herdeira da joalheria Casa Leão e vai abrigar parte do acervo de Hebe, além de ser alugada para eventos.

A montagem da casa durou dois anos. Nela, há peças raras, como o violino que pertenceu ao pai de Hebe; um violão que ela ganhou de Pelé; e, claro, vestidos, bolsas e sapatos, entre outros itens pessoais – apenas parte de um acervo estimado em cinco mil peças. “Disseram que eu era louca, que não ia conseguir. Mas sou de vários mundos”, diz Lydia, que não conta quanto investiu no projeto. “A Hebe é confluência do mundo artístico, da moda e do luxo e, ao mesmo tempo, conversava com pessoas simples. É nisso que acredito.”

Com o tempo, Lydia espera poder transformar o local em uma espécie de memorial, caso consiga o apoio governamental. A secretária de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, Marilia Marton, esteve na abertura da Casa Hebe. Mas não prometeu ajuda diretamente para o projeto.

Na sala de entrada, uma estante guarda dezenas de troféus que a apresentadora recebeu ao longo de sua carreira. Estão lá, por exemplo, os prêmios Roquete Pinto, um dos mais cobiçados dos anos 1960; Troféus Imprensa, dados pelo SBT; e o Troféu Mário Lago, criado por Faustão.

Joia da coroa

Na sala ao lado, réplicas de suas famosas joias – por segurança, as originais não ficam no local. No mesmo ambiente, um espaço para a Hebe patriota, com sapatos, relógios, chaveiros e um vestido com as cores da bandeira brasileira. Na parede da escada que leva ao segundo andar da casa, muitas – e raras – fotos de Hebe com seus convidados, a maioria do tempo em que foi contratada da TV Bandeirantes.

Porém, a joia da coroa da rainha da televisão está guardada em uma sala que fica fechada – quando a porta se abre, o visitante dá de cara com outras quatro salas fechadas por vidros, em que estão guardados sapatos, bolsas, malas, objetos de decoração e figurinos, como o célebres conjunto de jeans com bordados brilhantes. São peças de grifes misturadas com outras sem etiquetas caras. Assim era Hebe, diz Lydia.

Um cheiro agradável envolve o ambiente. O espaço parece guardar a alma de Hebe – e do negócio. Não é permitido fotografar ou filmar. Porém, quem alugar a casa para eventos poderá levar seus convidados para um tour pelo local.