Profissionais de saúde falam sobre pressão de conviver com pandemia em hospitais de MS

Com a crescente pandemia do coronavírus, o isolamento social virou a principal arma social contra a doença. Mas nem todos ficam em casa

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“Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade”. “Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana”. “A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação”.

Essas são algumas frases presentes nos juramentos dos profissionais da saúde. Em texto, parecem muito mais rasas do que são na prática. Lidar com a angústia, o sofrimento e a morte de perto é uma tarefa difícil. Mas como toda atividade necessária, há de ser feita.

Com a crescente pandemia do coronavírus em 2020 se alastrando pelo Brasil e pelo mundo, o isolamento social virou a principal arma social contra a doença. Mas nem todos ficam em casa. Eles, profissionais da saúde, tem a missão de amenizar o máximo possível de vidas, mesmo que isso custe sacrificar a própria.

Preocupação constante

A equipe de enfermeiros da CTI do Hospital Regional, principal referência para o tratamento da doença no Estado, também se desdobra para atender uma demanda que não era esperada. Um dos técnicos de enfermagem, que não quis se identificar, aos 46 anos trabalha no hospital há nove, e há 8 meses está na área intensiva. Segundo ele, com a pandemia, os regimes de plantões aumentaram.

“Como estavam faltando alguns funcionários, a maioria optou por fazer mais quatro plantões no mês. Está muito estressante e geralmente temos os equipamentos, mas são muito regulados. Há muita pressão em cima de tudo isso”, contou ao Jornal Midiamax.

Profissionais de saúde falam sobre pressão de conviver com pandemia em hospitais de MS
Equipe da CTI do Hospital regional é linha de frente ao combate do coronavírus (Reprodução, Whatsapp)

A tensão pela pressão de salvar vidas e clima tenso criado pelo potencial de contagio do coronavírus são os principais fatores que afetam a saúde mental dos profissionais da saúde. Mesmo com a sensação de impotência de lidar com as novidades diárias sobre o vírus, o trabalho tem que ser feito.

“Tenho colegas que não conseguem nem dormir mais por conta disso. Já estão procurando apoio do psicólogo, psiquiatra que temos a nossa disposição, pra pra ver se ajuda em alguma coisa. Outros já pesam em recorrer a medicamentos pra poder chegar em casa e conseguir dormir”, relata o técnico em enfermagem.

Inimigo invisível

O auxiliar de serviços hospitalares Francisco Monzom Queiroz trabalha no Hospital Regional de Campo Grande desde maio de 2001. Aos 53 anos, a rotina compreende a atender os reparos nos andares, equipamentos e áreas críticas, onde há pacientes com a covid-19.

“Antes não nos preocupávamos com contrair um vírus. Hoje já é diferente. Fazemos a assepsia das mãos, usamos máscaras. Em relação ao trabalho, se intensificou. O que mais nos preocupa é que nosso setor não recebe a salubridade necessária para a categoria”, conta Francisco.

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Francisco Monzom Queiroz trabalha como auxiliar de serviços técnicos no HR (Reprodução, Whatsapp)

Questionado sobre o contágio no ambiente de trabalho, o auxiliar conta que a sensação de medo é constante. O inimigo, invisível, não tem cara, lugar e nem hora para atacar. O perigo maior para Francisco é se contaminar e levar a doença para os familiares em casa.

“Tentamos tomar as maiores precauções possíveis e indicadas, mesmo não sabendo se são realmente eficientes. As consequências psicológicas são grandes. Não podemos fugir, recuar e nem desistir de atender ninguém, mesmo com o risco de ser contaminado. A área de saúde é o único recurso que os contaminados tem, mesmo com a falta de investimento”, relata o auxiliar de serviços hospitalares.

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Em diversas alas e partes do Hospital, o auxiliar tem contato com os pacientes (Reprodução, Whatsapp)

Desabastecimento, falta de estrutura e equipamentos são as principais complicações. O profissional chama atenção que a saúde, pesquisas também são igualmente importantes que outras áreas da sociedade.

“Temos 110 respiradores. Se passarem para 111 pessoas precisando de um respirador, o caos estará instalado. Então minha mensagem é: se cuidem. Respeitem o toque de recolher e fiquem em casa, só saindo por extrema necessidade. Se chegar ao extremo, teremos que escolher quem vive e quem morre. Para evitar que isso aconteça, cada um deve fazer a sua parte”, finaliza.

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