Através do grafite, oficina leva técnica e cidadania onde até a arte resiste em chegar
Projeto Conexão Grafite une periferias da cidade
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Projeto Conexão Grafite une periferias da cidade
Um muro sujo e com diversas pichações ganhou cara nova neste final de semana. Com uma mão de tinta branca, o espaço foi antes preparado para ser preenchido com os desenhos dos novos artistas de rua. Através do grafite, a oficina levou técnica e cidadania onde até a arte resiste em chegar. Na periferia de Campo Grande, a Aldeia Urbana Marçal de Souza ganhou cor. E as crianças de lá ganharam esperança.
As aulas que movimentaram a região do Tiradentes durante esta semana fazem parte do projeto Conexão Grafitti, encabeçado pela artista Marilena Grolli. A oficina começou na última segunda-feira (19) e encerra neste sábado (24), com uma confraternização entre os 30 alunos que participaram desta etapa.
Durante todos esses dias, a turma aprendeu técnicas de desenho e cada aluno confeccionou o próprio stencil – tipo de tela com molde de desenhos. Também foram feitos testes com o spray e com a tinta latex. E todos criaram um tag para si, ou seja, a assinatura que irão colocar em sua arte finalizada.
Depois das aulas de testes e aprendizagem das técnicas, foi hora de ir para o muro e deixar nele um pouco do que aprenderam e muito do que existe dentro de cada um.
“Eu ensino as técnicas, oriento, mas a criação é toda deles, de cada um, nisso eu não interfiro. É importante respeitar o processo artístico de cada um, deixar que cada desenho cresça dentro do artista”, ressalta Grolli, que admira sem pressa cada desenho ser rabiscado e ganhar cor no muro branco.
No fundo, ela sabe que traço ali – mesmo que ainda um pouco torto ou grosso – existe a esperança de arte vencer a criminalidade, o preconceito e desigualdade tão presentes na periferia. Ela sabe também que em cada desenho existe mais do que técnicas, mas também existe oportunidade de um caminho diferente para cada adolescente da aldeia urbana que participou da oficina.
E Grolli aproveita a oportunidade para também transmitir cidadania. “Eles aprendem aqui a ter consciência sobre o meio ambiente. Aprendem que ao final de cada trabalho concluído, é preciso deixar o espaço inteiro limpo e organizado. Também aprender que a arte urbana é doação. Depois que o desenho foi pro muro, ele é do mundo”, explica Grolli.
Aos 12 anos, Antony Marques da Silva faz seu primeiro grafite no muro. Ele se preocupa com detalhes, com a forma do nariz e da boca do boneco que fez. As técnicas que aprendeu, ele quer levar pra sala de aula. “Quando eu precisar desenhar na escola, já vou saber fazer”, enfatiza o garoto.
Na etapa da Marçal e Souza, duas alunas que não eram da comunidade participaram da oficina porque sobrou vaga. E para elas, apesar de já terem profissão, a experiência com o grafite foi muito interessante.
Mas para quem vive em Campo Grande e desconhecia a existência da aldeia urbana, chegar à periferia foi outro aprendizado. Nesta semana, a Marçal de Souza ganhou cultura e novos olhares. Ganhou destaque nos jornais e foi vista, lembrada, visitada, movimentada. Ganhou cor, alegria, novo ar. No lugar onde até pessoas resistem em passar perto, a arte aproximou mundos opostos, cumpriu seu papel. Pelo menos há esperança.
Conexão Grafitti
O projeto Conexão Grafitti tem o apoio do Fmic (Fundo Municipal de Investimentos Culturais) e até o final de março de 2018 atenderá mais dua comunidades da periferia de Campo Grande. No início de abril, um festival de Hip Hop reunirá as três comunidades contempladas nesta etapa do projeto, em uma grande festa, com apresentações culturais e também mostrando um pouco da arte que os participantes das oficinas aprenderam com as aulas.
Embora as oficinas sejam voltadas para os moradores das comunidades da periferia, caso o número de inscritos seja menor que o de vagas, as inscrições são abertas ao público em geral.
As inscrições podem ser feitas pela internet, através deste link.
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