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Comportamento

No Facebook, o que poderia ser ‘briga’ acaba virando ‘aula’ sobre questão indígena

Dono de página ficou surpreso com pedido de desculpas
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Dono de página ficou surpreso com pedido de desculpas

Você acredita em paz no território do Facebook? Pois é, a questão é quase uma lenda, ou um mito, já que a rede social costuma viralizar comentários de ódio. Mas foi justamente uma página ligada à cultura e mitologia que ‘desmistificou’ a ideia de que no Facebook as pessoas só brigam. Na página ‘Colecionador de Sacis’, uma postagem que poderia ter causado uma discussão com muito ódio acabou virando uma aula sobre questão indígena.

Quem administra a página é o jornalista e pesquisador de cultura popular Andriolli Costa, 27. Natural de Mato Grosso do Sul, onde o assunto é muito forte, ele postou na página uma matéria, para lembrar que esta quarta-feira (19), dia do índio, deveria ser aproveitado como um exercício de empatia. Em seguida, um leitor comentou: ‘eu não quero parecer preconceituoso, porém em minha opinião, a culpa não é dos fazendeiros se eles não sabem defender as próprias terras e agora tem que ficar invadindo a dos outros’.

Andriolli contou que pensou duas vezes, mas a primeira reação seria iniciar uma discussão que acabaria em briga. Sem saber porque, dessa vez ele resolveu simplesmente explicar. E foi surpreendido com um pedido de desculpas: ‘entendi, obrigado por explicar e desculpa pelo inconveniente’.

A resposta ‘chocou’ Andriolli, que publicou em seu perfil a surpresa: “O que se seguiu foi uma resposta chocante, praticamente inédita nas redes sociais. Não acredito nela até agora”, comentou ele.

Publicações atraem ‘haters’

O pesquisador conta que tenta fazer com que a página promova discussões sociais que ultrapassem a mitologia, mas que provoquem reflexões sobre meio ambiente, educação e política. As publicações sempre atraem os ‘haters’, como são conhecidos os briguentos de plantão do Facebook.

“Por exemplo, mitologia brasileira? Aí você cita algumas coisas que são principalmente da mitologia indígena né. E quando eu trouxe isso, teve gente que falou: ‘pera, isso aí não é mitologia brasileira, isso é mitologia indígena, índio não é brasileiro, pra mim não é, eu não conheço essas coisas, não existe’.

“E aí quando você vai interpelar as pessoas que dizem isso, que não reconhecem índio como brasileiro, aí se você fala da dívida histórica, eles falam: ‘eu não devo nada, e não quero saber de elas vindo aqui me cobrar alguma coisa eu vou receber elas à bala’. Normalmente, quando eu recebo um comentário desses, ou eu interpelo e sou rechaçado ou acaba virando uma ofensa ali e eu acabo apagando”, contou.

Dessa vez, ele resolveu fazer de forma diferente. E não apenas para explicar, mas como explicar. Ao invés de abordar a questão indígena pela perspectiva histórica e citar a colonização, Andriolli respondeu o leitor da página com argumentos sobre a realidade dos índios na atualidade:

-As terras eram deles. E não estou falando do tempo colonial, estou falando de agora, quando fazendeiros em MS botaram uma cerca impedindo os índios de acessarem a água do rio de suas próprias terras. Se eles atravessam, pistoleiros os matam. Se eles revidam, o governo manda a força nacional; atrasa demarcações de terra; elege presidentes não-índios para a Funai que dizem que aldeia indigena é terra improdutiva… Ou seja, é uma luta tão injusta que comentários como o seu só colaboram para reiterar sim preconceito e ignorância. Não é sua culpa, o preconceito que está no prórpio estado e nas instituições, mas espero que perceba o quanto essa sua opinião é um desserviço para quem já sofre e enfrenta tanto.

“Eu acho que ele realmente foi sincero, porque quando as pessoas discordam, geralmente já me interpelam chamando de esquerda”, concluiu Andriolli.

 

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