Única projetada por Niemeyer em Campo Grande, escola estadual reinaugura com presença do Grupo Acaba
Após extensa reforma, escola reinaugura com a presença de grupo que se formou ali e vai relembrar antigos festivais culturais
Graziela Rezende –
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A Escola Estadual Maria Constança Barros Machado, localizada na Rua Marechal Rondon, bairro Amambai, em Campo Grande, é de valor inestimável para a cultura sul-mato-grossense. Com pluralidade volumétrica impressa em pilares e corredores, o local interliga espaços e possui a assinatura do pai da arquitetura moderna brasileira, Oscar Niemeyer. Após extensa reforma, a escola reinaugura, na noite desta quinta-feira (27).
Quem vai animar a noite é o Grupo Acaba, outro patrimônio do Estado quando se fala em música. Neste caso, não é qualquer banda selecionada para animar a noite, mas sim pessoas formadas intelectualmente e também no âmbito cultural, na virada da década de 60 e 70.
Moacir Lacerda, que ao lado da Vera Gasparotto e Luiz Porfírio, criaram o Grupo Acaba na escola, ressalta a importância dos antigos festivais realizados no Maria Constança.
“Vamos relembrar memórias de um grupo que surgiu na escola e também relembrar momentos como estudante. Os festivais estudantis começaram em 1969 e nós já participávamos, dando o nome do grupo dois anos depois, em 1971”, contou Moacir.
Na escola, estudavam ‘grandes nomes’ da música
Aos 71 anos, Moacir ressalta que jamais deixou de relembrar os momentos como estudante e ressalta que “dali saiu direto para a faculdade”, se tornando engenheiro civil e músico profissional. “Nesta escola estudaram grandes nomes da música, como Paulo Simões, Geraldo e Tetê Espíndola e Lenilde Ramos, por exemplo. Éramos todos contemporâneos e participávamos destes festivais. Certa vez, vencemos com a melhor canção e melhor letra, de nome Na Minha Canoa Só Cabe Lucina”, relembrou.
Desde o início, Moacir ressalta que a temática pantaneira esteve presente.
“Ao mesmo tempo a gente vivenciava algo moderno, com a escola. Era o conhecimento intelectual estimulado com criações artísticas, então, a gente tinha acesso ao teatro, música e literatura. Os professores valorizavam isso e eram visionários, acreditavam naquela geração”, comentou Moacir.
Atualmente, ao saber que a escola deve funcionar em tempo integral, Moacir ressalta que ali se torna, mais uma vez, referência. “Estamos na expectativa por esse show. Será inesquecível”, avaliou.
Entrada gratuita para a reinauguração
A reinauguração ocorre de forma gratuita para toda a população. Quem for ao local, vai ver a escola repaginada, após reforma que teve início em novembro de 2021, quando a empresa Marco Arquitetura, Engenharia, Construções e Comércio venceu a licitação aberta pela Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) e iniciou o restauro.
No contrato, também estava prevista a reforma e ampliação da escola, tombada como patrimônio histórico de Campo Grande. O valor global da licitação foi de R$ 7.209.139,54.
Recentemente, a escola infelizmente foi furtada e o prejuízo estimado é de R$ 50 mil. Na ocasião, criminosos teriam entrado pelo muro lateral, já que marcas de pegadas foram vistas nas paredes. O diretor foi até a delegacia e registrou queixa, no dia 17 de abril deste mês.
Projeto arquitetônico
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a escola foi projetada na década de 50 pelo arquiteto Oscar Niemeyer e começou a ser construída em 4 de novembro de 1952, sendo inaugurada no dia 26 de agosto de 1954, data de aniversário da capital sul-mato-grossense.
O prédio da escola foi tombado em 1995 como Patrimônio Histórico Estadual, sendo esta a única obra projetada pelo arquiteto na cidade. A fachada do colégio lembra um livro aberto. Um palito branco, posicionado na entrada, traz a ideia de um lápis. No interior, o corredor extenso remete a uma régua.
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