O e escritor Bosco Martins lança, no próximo domingo (17), na Casa Quintal Manoel de Barros, em Campo Grande, o livro “Diálogos do Ócio”. Com 327 páginas, a publicação é um inventário de décadas de amizade do poeta com o autor que, finalmente, revela como ele vivia, criava e via o mundo à sua volta e, principalmente, como surgiu o estilo “barreano” e o abecedário “manoelês”.

Prefaciado por José Hamilton Ribeiro, autor de “Gosto da ” (sobre cobertura da Guerra do Vietnã), o livro traz à tona confidências sore Manoel, que teve uma vida reservada e confiava a Bosco Martins as intimidades da vida pessoal. Ou seja, involuntariamente, Bosco se tornou o porta-voz extra oficial do poeta e falará sobre os gostos e desgostos, desejos e conquistas, lamentos e desalentos e prazeres, entre outros assuntos.

Reportando-se ao Renascentismo, José Hamilton Ribeiro atribui a Manoel de Barros, um dos três principais objetivos do escritor. “Manoel de Barros não quis ser professor de ninguém. Tampouco pretendeu atiçar paixões. Escrevia para deleitar, e suponho que, primeiro, a si próprio. Uma conquista literária vinda de surpresa na biblioteca do colégio, ou no “caderno de rascunhos” onde fazia seus poemas, ele comparava ao orgasmo, como relata Bosco Martins em “Diálogos do Ócio”.

“A vida de Manoel de Barros foi dedicada ao nada. Era para isso que ele prestava. Chegava a sofrer moralmente por só fazer coisas inúteis. Os livros sobre nada de Manoel de Barros tinham poesia, cores, paisagens, palavras inventadas e uma beleza singela…”, diz Bosco Martins.

‘Publicava um livro e fugia para o Pantanal', relembra jornalista

Capa do livro que será lançado neste domingo (17). (Divulgação)
Capa do livro que será lançado neste domingo (17). (Divulgação)

Conforme o jornalista, mesmo tendo alguma semelhança com Guimarães Rosa, Manoel de Barros “era único” e apesar da consagração, nada o lisonjeava. “Cada vez que publicava um livro fugia desonrado para o , onde era abençoado por garças. Ele gostava mesmo das partes isoladas. Fez do Pantanal um de seus universos preferidos, embora tenha rodado o mundo e se instalado no Rio de Janeiro, centro da efervescência literária”, relembrou.

Ao escrever, Bosco diz que Manoel sempre buscava dar “sentido literário aos pássaros, ao sol, às águas e aos seres”. Além disso, fala da amizade com o poeta desde a década de 80 e o qualificou como um “modernista”, ressaltando que decidiu escrever sobre ele para o público conhecer um poeta que “criava além do tempo, da percepção natural e da concepção multicultural”.