Refúgio dos murtinhenses em Campo Grande: Encontro entre amigos virou festival no Oliveira

No bairro Oliveira 2, ‘Toka dos Murtinhenses’ é refúgio para quem sente saudade da terra

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Toka dos murtinhenses
A 2ª edição do festival acontece neste domingo (9). (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Sabe aquelas reuniões entre amigos que juntam toda a galera, as tantas gerações que vieram com os anos e proporcionam um momento de reencontro com muita música, conversa e comida boa? Pois é, uma dessas reuniões, há 8 anos, resultou em um festival.

Hermes na infância. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Mas antes de você entender como tudo isso aconteceu, precisamos voltar um pouco no tempo.

Nascido e criado em Porto Murtinho, em 1982, aos 13 anos, Hermes Ferreira decidiu se mudar para Campo Grande sozinho em busca de uma oportunidade de trabalho. O sonho do garoto era conseguir um dia trazer toda a família para que juntos se estabelecessem na cidade. Disposto, tinha em mente que aceitaria trabalhar em qualquer profissão, mas, como a cozinha sempre foi uma tradição na família, a oportunidade de trabalhar em restaurante surgiu, e ele abraçou.

Saudoso, Hermes lembra da primeira casa que morou quando chegou em Campo Grande. “Não sei se você conhece, mas eu morava em um clube, na verdade, era uma danceteria. Ela se chamava Crocodilo, engraçado, né?! Ficava lá na [rua] 13 de Maio, próximo ao cemitério Santo Antônio”, relembra.

Hermes nas Forças Armadas.
(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Bom, todo o esforço valeu a pena. Em 1989, aos 20 anos, Hermes conseguiu trazer seus pais e irmãos para Campo Grande. Nesta época ele já estava há 1 ano nas Forças Armadas, onde ficou até o ano de 1994.

Em 1996, seus pais já tinham conseguido se estabelecer na nova cidade e até uma casinha já havia sido construída. Vendo que seu sonho havia se realizado, Hermes decidiu ir além. “Eu trabalhava em uma rede de supermercados, mas queria mais, eu queria ter meu próprio negócio. Foi quando decidi me mudar para a Europa”, conta.

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

“Ir para lá foi difícil, porque antigamente era tudo muito caro. Eu vendi uma moto, um carro, juntei um valor e fui para Portugal. Em 15 dias que eu estava lá, meu dinheiro acabou. Tinha dias que eu dormia entre os vãos que tinha [na estação] no metrô. Eu fui conhecendo um pessoal lá e tinham vezes que a gente ficava até 3 dias sem comer nada, só tomava chá de folha de laranja”, lembra.

Hermes ficou 2 anos em Portugal e se mudou para Luxemburgo, onde ficou por 10 anos. Lá trabalhou com rapel e construção civil, área que acabou se especializando e atua até hoje. Resultado: conseguiu se estabelecer financeiramente e em 2005, em uma vinda de férias ao Brasil, comprou um terreno onde hoje é o rancho Toka dos Murtinhenses, no bairro Oliveira 2.

“Toka dos Murtinhenses”. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

“Eu tinha um sonho de voltar para o Brasil, montar um negócio pra mim e ficar mais perto do meu pai”, lembra Hermes que, em 2008, decidiu voltar para o Brasil e começar um empreendimento mais perto da família.

‘Toka dos Murtinhenses’ e o Festival de Lambreado

Já fixo em Campo Grande e perto da família novamente, Hermes começou a reformar o rancho que havia comprado há 3 anos. E toda a obra já tinha um propósito: “juntar os conterrâneos e curtir a nossa cultura e culinária”. Sim, aquele espaço era projetado para ser um refúgio para os murtinhenses que sentiam saudade da terra.

Foi então que em 2015, depois de muitas confraternizações, Hermes se juntou a sua família e amigos e decidiram fazer o 1º Festival de Lambreado. A festa foi um sucesso! Muita comida foi preparada, música não faltou e muita gente de Porto Murtinho veio para reencontrar quem não via há muito tempo.

Depois de toda essa festa, como lidar com a falta de um encontro assim? Bom, o festival gerou tanta repercussão que os amigos de Hermes nunca esqueceram e toda oportunidade que tinham, cobravam ele, ansiosos para mais uma edição.

E esse dia tão esperado chegou. Neste domingo (9), acontece a 2ª edição do Festival de Lambreado. Com caravana de Ponta Porã e Porto Murtinho, a confraternização é aberta para quem tiver interesse em participar e conhecer mais da cultura e culinária murtinhense.

(Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Mas atenção! De acordo com Hermes, os convites são limitados e poucos não foram vendidos. Então, se você tem interesse em participar, entre em contato pelo telefone (67) 98413-0837 e reserve seus convites.

No local, a partir das 8h, será servido um café da manhã tradicional com tortilha e cocido, que é um chá paraguaio feito com a erva-mate que faz o tereré.

E no almoço, que começa ao meio-dia, será servido o lambreado, arroz, mandioca e salada.

Sobre o lambreado


Se você não conhece esse prato típico da culinária paraguaia e muito consumido em Porto Murtinho, Hermes explica que o lambreado precisa ser feito com dois dias de antecedência.

O prato nada mais é que um bife de coxão mole bem temperado, depois empanado e frito em óleo bem quente. Ele garante que é muito melhor que o bife à milanesa e quem for terá uma experiência cultural e gastronômica inesquecível.

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