Mayara Amaral, a sul-mato-grossense que virou símbolo da luta contra em todo o país, estaria completando 31 anos nesta quarta-feira (25). No mesmo dia em que a musicista nasceu também é celebrado o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher. Dados da ONU Mulheres, divulgados no fim de setembro, apontam que as medidas de lockdown levaram a um aumento das denúncias ou pedidos de ajuda por violência doméstica de 30% no Chipre, 33% em Singapura, 30% na França e 25% na Argentina.

EM Mato Grosso do Sul, em 2017, a carreira promissora de Mayara foi interrompida brutalmente por Luís Alberto Bastos Barbosa, com quem mantinha um relacionamento, em um quarto de hotel, em . Luís  foi preso no dia 26 de julho de 2017 acusado de ter participado do assassinato da musicista Mayara Amaral. Em primeiro momento, o réu foi denunciado pelo crime de latrocínio – roubo seguido de morte – agravado por motivo torpe e ocultação de cadáver, já que o corpo da vítima foi encontrado carbonizado em um matagal.

As contradições, diferentes versões, requintes de crueldade e motivos citados pelo autor após a prisão resultaram em clamor social a respeito da tipificação do crime.

Mayara Amaral nasceu no Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher

A defesa de Luís Alberto pediu que ele fosse julgado por feminicídio e a Justiça Estadual deferiu o pedido. A estratégia foi usada pelo defensor já que latrocínio tem pena maior que o feminicídio.

Na época, o MPMS recomendou que o processo permanecesse como latrocínio. O debate foi levantado em torno da tipificação do crime por conta do tamanho da pena máxima que pode ser aplicada.

O julgamento do assassino confesso foi adiado duas vezes e agora está marcado para o dia 29 de março. Luis Alberto será julgado por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima, feminicídio, furto e ocultação de cadáver.

Mayara virou símbolo contra o feminicídio após a morte ganhar repercussão internacional. A musicista foi a um encontro amoroso onde acabou morta a marretadas e teve o . A história de terror é uma ferida que nunca será cicatrizada na família Amaral.

“Se tirasse a qualificação do feminicídio do caso seria uma outra violência. Uma forma de violência institucional por parte da Lei. A gente está tentando se fortalecer para aguentar esse julgamento que não vai ser fácil. Estamos preparadas sabendo que o dele vai tentar fazer o que todo advogado de um feminicida faz”, contou Pauliane Amaral, em entrevista ao Jornal Midiamax em março de 2019.

Luís foi a júri no dia 29 de março do ano passado. Durante o julgamento, ele contou que no dia do assassinato teria usado drogas além da conta e que eles teriam começado uma discussão depois da musicista falar que teria feito exames porque estava com uma doença sexualmente transmissível. O Ministério Público comprovou com exames exibidos em plenário, que Mayara não tinha DST.

O rapaz foi a julgamento e condenado a 27 anos de prisão pelo crime. Segundo o Ministério Público Estadual, o julgamento foi marcado por comoção dos familiares e amigos da musicista. Desde o início, a Promotora de Justiça Aline Mendes Franco Lopes reforçou a qualificadora de feminicídio, apresentando aos jurados os motivos que levaram o réu a cometer o crime.  Ao longo de sua sustentação, a Promotora apresentou detalhes do caso que descontruíram os argumentos da defesa.

A defesa, no entanto, alegou que o réu “não tinha condições reais de discernimento”, por conta do uso de álcool e drogas na noite do crime”, sustentando a tese semi-imputabilidade.

O Ministério Público pediu a condenação mediante quatro qualificadoras: motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima, ocultação de cadáver e furto e feminicídio. Ao final, os jurados aceitaram a denúncia do MPMS e condenaram Luís Alberto Bastos em todas as qualificadoras.