Atriz que fez a Heleninha de ‘Bebê a bordo’ fala da fama e da vida após a novela
Obra está sendo reexibida no Viva
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Obra está sendo reexibida no Viva
Há três décadas, Beatriz Wurts Bertu dava suas primeiras engatinhadas rumo à fama. A linda neném de olhos azuis tinha apenas 10 meses quando começou a gravar “Bebê a bordo”, novela de sucesso na faixa das 19h da Globo, no ano de 1988. Desde a última segunda-feira, a obra escrita por Carlos Lombardi e dirigida por Roberto Talma está sendo reexibida no canal Viva, de segunda a sábado, às 15h30 e à 0h30. Mas será só no capítulo 13 da trama, no ar no dia 29, que o Brasil vai poder matar a saudade de ver Beatriz na pele da fofa Heleninha, que nasceu no carro do atrapalhado Tonico (Tony Ramos), em meio ao trânsito, enquanto ele era feito refém por Ana (Isabela Garcia), uma grávida em fuga da polícia.
— Eu mesma estou ansiosa para me ver na TV! Quando a novela foi reprisada no “Vale a pena ver de novo” (em 1992), eu não assisti, ainda era muito criança… — revela Beatriz (também chamada de Bia), aos 30 anos.
Sentada na plateia do Teatro Serrador, na Cinelândia — onde está em cartaz com a peça “Tubarões” —, a moça conta que “Bebê a bordo” é sua única novela no currículo, que tem ainda 15 espetáculos teatrais, dois filmes e uma websérie. E que só se assumiu, verdadeiramente, atriz aos 15 anos, depois de uma decepção com a carreira esportiva:
— Fui atleta da seleção brasileira de ginástica de trampolim. Cheguei a competir em dois mundiais, na África do Sul (1999) e na Dinamarca (2001). Mas, aos 14 anos, machuquei o joelho, fiquei desanimada e passei a duvidar de que era isso que eu queria para minha vida. Ser atleta no Brasil é muito difícil, né? Não que ser ator seja fácil… (risos).
Foi aí que o destino deu uma mãozinha… Num dia de 2003, quando chegava em casa, na Tijuca, Beatriz soube que a novela “Celebridade” estava sendo gravada ali, em sua rua. Curiosa, descobriu as atrizes da cena: Malu Mader e… Isabela Garcia! Quinze anos depois, ela reencontraria sua mãe da ficção.
— Ela me reconheceu na hora, foi muito legal! Minha mãe contou que eu estava pensando em voltar a atuar, e perguntou o que ela achava. Isabela falou: “Acho ótimo. Mas ela tem que estudar. Vai ter que se preparar muito, menina!”. Foi aí que comecei a procurar cursos e percebi o quanto eu precisava me dedicar à carreira. Só tenho a agradecer a ela — diz Bia, que prestou vestibular e ingressou na UniRio: — Olha que curioso: na faculdade de Teatro, eu reencontrei Carla Marins (a Sininho de “Bebê a bordo”), que estudava lá. Quando ela me viu, caiu no choro de emoção.
— Por todos esses anos, venho sendo parada nas ruas, frequentemente, por pessoas que me perguntam se eu não era o bebê da novela. Na infância, isso me chateava, mas com o tempo eu entendi o quanto “Bebê a bordo” despertou o carinho do público — entrega a também professora de teatro e vídeo, contando que sofreu bastante com o assédio no primeiro ano de vida: — Minha mãe diz que não podia mais sair de casa comigo, porque as pessoas avançavam, queriam me pegar no colo e me beijavam na boca! Peguei até sapinho!
Para um bebê tão novinho, aquela rotina era atípica.
— Chegava a gravar 30 cenas por vez, em diversos lugares da cidade — diz Bia, afirmando que a remuneração não chegou a mudar a vida da família: — O salário que eu recebia ajudou a pagar as contas e a creche da minha irmã mais velha, que passou a ficar por lá em tempo integral, porque minha mãe ou meu pai tinha que me acompanhar para onde eu fosse.
Esperta e simpática, a bebê atendia prontamente aos comandos da mãe a cada cena e se jogava nos braços do elenco, que, assim como o público, logo se apaixonou por ela. Além de Isabela Garcia, Tony Ramos e Carla Marins, a garotinha contracenou bastante com os Guilhermes Leme e Fontes (intérpretes dos irmãos Rico e Rei) e com Dina Sfat (Laura, a avó de Heleninha), atriz que morreu logo após o fim da novela, de câncer de mama.
— Tenho um álbum de fotos com os atores e um caderno com mensagens que eles escreveram para mim, além de recortes de jornais e revistas da época. Tenho também fitas VHS, que nem funcionam mais, com cenas minhas — conta.
Em março de 2016, a atriz reencontrou Tony Ramos no “Altas horas”. E o ator se emocionou.
— Serginho me fez uma surpresa e a colocou no meio da plateia. Fico feliz que tenha se tornado atriz. Que ela leia muito, estude, acredite. Tenha perseverança e paciência. Nossa profissão nunca será fácil, é um caminho de lutas. E que Beatriz tenha sorte, muita sorte — deseja o veterano.
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