O que ficou da dupla que durou 45 anos e virou referência em MS

Em frente à casa de muro e portão baixos, na Vila Eliane, Ermídio Umar esperava a equipe de reportagem chegar com um certo ar ansioso. Fomos recebidos com um sorriso de boas vindas e um belo “sintam-se à vontade”. Veterano no sucesso, o senhor de 78 anos e cabelos grisalhos não fez cerimônia com nenhum assunto. Falou sobre o passado, o presente e também os sonhos que ainda tem para o futuro.

Na semana passada, Ermídio, mais conhecido por Amambay, perdeu o grande parceiro que o acompanhou por 45 anos nos palcos da vida tocando o bom e velho sertanejo de raiz. Amambaí faleceu aos 80 anos de insuficiência respiratória, após ficar mais de três meses internado por problemas vasculares.

A dupla, que começou quando os dois ainda eram jovens, por volta dos vinte e poucos anos, viveu momentos de altos e baixos. E entre idas e vindas, o último show que fizeram juntos foi em 2014, quando Amambaí se despediu dos palcos para cuidar da esposa que adoeceu.

Amambay seguiu a carreira ora com outros parceiros, ora só ele e o violão. Mas volte e meia, tropeçada em algum pedido do público que sempre clamava pela volta de Amambay e Amambaí.

A dupla se tornou referência na música regional de Mato Grosso do Sul na década de 1970. E no tempo que ficaram juntos, chegaram a gravar 20 LP's. “Naquela época, as gravadoras investiam nos artistas, bancava passagem, hospedagem, alimentação em São Paulo pra gente ir lá gravar. Por isso, só gravava quem tinha reconhecimento”, conta Amambay.

Vez ou outra, a voz embargava, principalmente quando o assunto remetia aos anos de glória da dupla que estourou cantando “bate, bate coração, vai batendo sem cessar”… A melodia nostálgica de “A Matogrossense” misturava o sorriso e o brilho nos olhos de Amambay.

Saúde e sonhos

Após despedir do parceiro, Amambay fala de projetos e o que ficou de Amambaí. Vídeo!​Recentemente, Amambay passou por duas cirurgias, por conta de problemas de saúde, e ainda está em fase de recuperação. O quadro clínico do sertanejo o impossibilita, hoje, de fazer aquilo que ele mais gosta: tocar e cantar.

Mas antes destas complicações, Amambay seguia na ativa. Ele tocava duas vezes da semana em um bar de e se enche de orgulho ao contar que ainda é reconhecido pelo chamamé que canta em “guarani, castelhano e até em árabe”, como sempre costumava brincar com o público.

Hoje, Amambay vive com dedicação apenas à música. Mas em tempos mais difíceis, ele precisou improvisar outros ofícios. E nesta vida, já foi de relojoeiro a tapeceiro.

Natural de Bela Vista, atualmente, Amambay mora junto com a esposa em uma casa simples na Vila Eliane, em Campo Grande. Na garagem, a veraneio também está lá para contar história, viajar e é o xodó do cantor.