Servidores que atuam no IMTI (Instituto Municipal de Tecnologia e Informação) e empresários do setor de tecnologia suspeitam que o prefeito Gilmar Olarte (PP) tenha nomeado como diretor de administração e finanças do órgão um profissional ligado a uma das maiores prestadoras de serviços na área para a administração municipal.

Segundo a denúncia, Fabio Portela Manchinsky seria ligado à direção da empresa PSG Tecnologia Aplicada Ltda. A empresa, por sua vez, teria ligações não oficiais com a Itel Informática, que mantém contratos milionários com o governo do Estado e com a Prefeitura há vários mandatos.

Fabio é flagrado várias vezes ao dia na sede da PSG. A equipe de reportagem entrou em contato com a PSG para checar a eventual ligação entre o nomeado de Olarte e a prestadora de serviços que atua na área de manutenção de hardware, onde ele ocupa cargo de chefia e lida com as finanças.

Na ligação, a secretária confirma que o servidor público municipal cumpre expediente na empresa particular. “Agora ele só volta depois do almoço”, explica a funcionária no telefonema, quando questionada sobre a possibilidade de falar com Fabio.

Na sequência, quando questionada sobre qual cargo Mamchinski ocuparia na empresa que presta serviços para o poder público, a atendente desconversa e diz que ‘não sabe informar’. Questionada, no entanto, se ele ‘responde’ pela PSG, ela, embora reticente, é taxativa: ‘Hum. Hum’.

Contas rejeitadas

Além da suposta ligação ‘peculiar’ com uma empresa que atua justamente no setor para o qual foi nomeado, Fabio Portela tem outro motivo que levanta questionamentos com relação ao cargo que ele ocupa na gestão de Gilmar Olarte.

O diretor de administração e finanças do IMTI, Fabio Portela Manchinsky, também está na lista dos 102 gestores públicos de Mato Grosso do Sul que tiveram contas rejeitadas por irregularidade insanável desde 5 de outubro de 2006.

A legislação proíbe de ocupar cargo público comissionado pessoas que estejam em situação de inelegibilidade. Segundo a alínea g do inciso I do art. 1º da Lei de Inelegibilidades (Lei Complementar nº 64, de 1990), o responsável que tiver as contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente.

Apesar disso, Fabio foi nomeado pelo prefeito Gilmar Olarte (PP), em abril deste ano para ocupar o cargo de gerente que cuida da gestão financeira no órgão municipal. Pelo IMTI passam processo estratégicos para as finanças municipais, como a cobrança dos impostos.

De acordo com o Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) de 2 de abril, Portela foi nomeado para ocupar o cargo sob o símbolo DTI-03, com salário de R$ 3.422,34 e 100% do vencimento, o que pode resultar no dobro do salário.

Ainda em abril, foi publicado no Diogrande, sob o Decreto “PE” n. 1.091, a republicação da nomeação por constar erro no primeiro. O símbolo ao qual Fabio foi nomeado seria, na verdade, DTI-01, com o salário de R$ 4.157,99, com gratificação de tecnologia da informação de 100%.

Em dezembro de 2012, foi publicado no Diogrande o contrato n. 426, firmado entre a Prefeitura e a empresa, que dizia respeito à contratação de ‘empresa especializada para a prestação de serviço de informática para o IMTI, referente a serviços de manutenção corretiva e preventiva, gestão de documentos, consultoria para concepção’.

Já em janeiro deste ano, foi publicado primeiro extrato aditivo ao contrato, que prorrogava por mais 12 meses a vigência do contrato.

O Jornal Midiamax entrou em contato com Fabio, via telefone, mas não conseguiu falar com Fabio. Logo depois do telefonema à PSG, o servidor entrou em contato com a redação e deixou um recado, explicando que não seria quem responde pelo IMTI e nem pela PSG. Mas, não negou a ligação, nem explicou porque a atendente na empresa disse que ele voltaria à tarde à sede, deixando implícito que o mesmo cumpre expediente no local.

Novamente a reportagem tentou contato com Manchinski para esclarecer estes pontos, ao que ele respondeu, “não ter qualquer vínculo com a PSG”, apesar da funcionária da empresa confirmar que ele é ligado.

Outro caso

Adriano Campossano, então coordenador do setor de gestão de serviços e bens da Prefeitura de Campo Grande, foi nomeado e mantido no cargo que ocupava mesmo com decisão que o condenou por desvio de dinheiro público.

Campossano foi condenado em primeira instância a cinco anos de prisão por desvio de dinheiro do TJ-MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul). A exoneração do servidor foi publicada no Diogrande de segunda-feira (13), dois meses após sua condenação no TJ, publicada em 15 de agosto deste ano.

*Matéria editada para acréscimo de informação às 12h38.