Polêmico autoteste de HIV tem boa aceitação, anuncia OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou, na 20ª Conferência Internacional de Aids, que acontece na Austrália, uma sessão só para mostrar os resultados de mais de 20 pesquisas que estão sendo realizadas em diversos países com o autoteste para o HIV — aquele que a pessoa faz em casa. Os resultados preliminares apresentados na […]
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou, na 20ª Conferência Internacional de Aids, que acontece na Austrália, uma sessão só para mostrar os resultados de mais de 20 pesquisas que estão sendo realizadas em diversos países com o autoteste para o HIV — aquele que a pessoa faz em casa. Os resultados preliminares apresentados na sessão Percebendo o Potencial de auto-HIV Testing (HIVST), nesta terça (22) revelam que ele tem alta aceitabilidade, confiabilidade, é de fácil administração, indolor e com alta privacidade entre a população geral.
Atualmente, há dois modelos de testes caseiros disponíveis: o que usa o fluido oral, em que uma quantidade de saliva é retirada, e o que usa sangue, por meio de um pequeno furo na ponta do dedo. Segundo Rachel Baggaley, do Departamento de HIV da OMS, a necessidade de aumentar globalmente o acesso à testagem é a principal razão para se adotar o uso dessa técnica.
A adoção do autoteste tem gerado polêmica entre pesquisadores e organizações de base comunitárias do mundo todo. Os que são contra alegam que um diagnóstico positivo pode gerar consequências imprevisíveis como, até mesmo, o suicídio e essa chance aumenta se quem o recebe não tem, na hora, uma atenção especial.
Também há o temor de que essa ferramenta aumente o estigma de quem vive com o vírus ou, ainda, encoraje o comportamento de práticas sexuais desprotegidas, uma vez que o resultado negativo pode ser interpretado como carta de alforria para continuar a transar sem camisinha. Há ainda aqueles que acham que comunidades mais carentes não vão conseguir realizar o procedimento nem interpretar corretamente os resultados.
Os estudos-piloto e outros apresentados na sessão especial começaram a mudar o pensamento e o debate em torno da autoteste anti-HIV, segundo a OMS. No entanto, a estratégia permanece uma preocupação para muitos gestores, ativistas e cientístas, devido às questões éticas, legais e sociais associadas.
Segundo Rachel Baggaley, as pesquisas demonstram que, se implementados com cuidado e com a participação significativa das comunidades, o teste feito em casa pode vir a ser uma oportunidade para aumentar o conhecimento da situação sorológica, mantendo os cinco paradigmas para testagem estabelecidos pela OMS: consentimento, confidencialidade, aconselhamento, resultados corretos e vinculação com o serviços de saúde.
Autoteste no Brasil
No Brasil o teste vem sendo realizado por organizações não governamentais junto às consideradas populações-chave. Até o fim do ano, o Departameto de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde espera ter capacitado mais de 20 ONGs para realizarem o procedimento. A expectativa é de que até o início de 2015 uma portaria com as regras para padronizar o teste seja publicada autorizando a venda do mesmo em farmácias.
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