Convocada pelos movimentos sociais feministas para uma audiência pública na Câmara Municipal, Liz Danielle Derzi Wasilewski de Matos Oliveira, secretária da Mulher, não compareceu à reunião marcada para esta quinta-feira (3), no plenário Edroim Reverdito. A titular da pasta justificou sua ausência por meio de uma carta e informou que não poderia comparecer em virtude do levantamento de informações técnicas da pasta.

A ausência da secretária causou estranheza e preocupação entre as feministas e vereadoras. “Esse desinteresse nos preocupa, porque é uma secretária municipal de políticas para mulheres e tem de vir no intuito de atender às demandas, não pode haver um retrocesso”, pontuou a vereadora Thais Helena (PT).

Segundo a parlamentar, a pasta tem valor histórico para a luta das mulheres da Capital. “A construção dessa secretaria não foi fácil para as mulheres. Muitas mulheres, de luta, debateram durante muito tempo para chegar até essa secretaria, por isso, ela é muito cara pela militância que tiveram de fazer até aqui, e não pode perder o seu objeto”, afirmou a vereadora.

A vereadora Luiza Ribeiro (PPS) lamentou a ausência de Liz Danielle e afirmou que os movimentos sociais feministas não vão tolerar arrogância. “Ela deveria vir, não importa se está levantando informações, ou se não está preparada para o debate. Nós queríamos que ela nos ouvisse, que conhecesse o movimento, mas ela não conhece”, disse Ribeiro. “Não vamos tolerar, aqui não. Não vamos tolerar arrogância, aqui vai encontrar resistência”, destacou a vereadora. Violência

A audiência contou com representantes de diversos movimentos sociais voltados para a mulher, representantes do Legislativo municipal, como a vereadora Carla Stephanini (PMDB), e com a presidente da Comissão de Combate à Violência contra a Mulher da OAB/MS, a advogada Tatiana Ujacow (Rede-PSB).

A advogada considerou legítima a audiência e considerou que a participação da secretária seria fundamental para ouvir as militantes e agregar conhecimento à sua pasta. “Hoje em dia as pessoas querem exercer a cidadania e prestar sua colaboração. Seria muito profícuo o diálogo, se ela tivesse vindo, porque agregaria ao conhecimento que ela já tem sobre o assunto”, pontuou Ujacow.

“As pessoas querem colaborar, são elas que vivem o dia a dia dos movimentos sociais, que sabem da demanda e têm um mapeamento da situação”, disse. Para Tatiana, a interlocução com a sociedade e com os gestores pode dar resultado em qualquer política pública. “Não pode prescindir do diálogo, nada mais é feito sem parceria, ninguém detém todo conhecimento”, afirmou Tatiana.

A presidente da Comissão de Combate à Violência à Mulher lamentou a morte de uma mulher, esfaqueada pelo marido no Bairro Danúbio Azul, em Campo Grande. Ao falar do caso, Tatiana se emocionou. “As mulheres queriam abrir esse diálogo para trazer esses problemas que nos afligem, e hoje também, recebemos essa notícia estarrecedora, de mais uma mulher morta na frente dos filhos. Isso nos faz pensar que a gente caminha, caminha, e um passo desse parece que a gente volta. Essa luta tem que ser conjunta, não pode ser isolada”, destacou Ujacow.