Juíza se retrata por comentário no Facebook sobre morte de servidora

A tragédia ocorrida no fórum trabalhista Ruy Barbosa, na capital paulista, nesta segunda-feira (13), quando morreu a servidora Amanda Priscila Santos Costa, repercute entre os trabalhadores do Direito. Um comentário de uma juíza a respeito do assunto na internet provocou revolta entre colegas, o que fez com que ela divulgasse uma retratação. O caso rendeu […]

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A tragédia ocorrida no fórum trabalhista Ruy Barbosa, na capital paulista, nesta segunda-feira (13), quando morreu a servidora Amanda Priscila Santos Costa, repercute entre os trabalhadores do Direito. Um comentário de uma juíza a respeito do assunto na internet provocou revolta entre colegas, o que fez com que ela divulgasse uma retratação. O caso rendeu uma nota da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 2ª Região (Amatra-2).

O corpo da técnica judiciária de Natal (RN) foi encontrado pela manhã, e a Polícia investiga se ela cometeu suicídio. A hipótese é que ela teria pulado do oitavo andar do edifício, onde fica a 62ª Vara do Trabalho, na qual trabalhava desde agosto. A presidente da corte, Silvia Regina Pondé Galvão Devonald, decretou luto de três dias.

Em sua conta no Facebook, a juíza Elisa Maria Secco Andreoni fez comentários sobre o fato ter ocorrido durante o expediente do tribunal, provocando críticas até mesmo aos demais magistrados. Depois, no entanto, Elisa publicou um texto na rede social, admitindo ter errado. A nota, intitulada “Carta Aberta à Sociedade”, a juíza diz ter sido “insensível” ao se perguntar “Meu Deus, porque alguém faz isso num lugar onde tanta gente necessitada precisa dos serviços?”. Afirma ainda sentir remorso e que “a repercussão do ato não corresponde àquilo que sou e isso deve ser refletido principalmente por quem não me conhece”.

Ela também critica quem usou suas palavras para acusar toda a magistratura. “Isso não pode ser usado para macular uma classe. A responsabilidade é exclusivamente minha”, escreveu. E pede que sua retratação seja divulgada.

Elisa atribui a “manifestação afobada” ao fato de estar “completamente envolvida com minha missão na 26ª VT [Vara do Trabalho], no afã de ajudar quem precisa e está lutando para sobreviver”. E desabafa sobre suas condições de trabalho, afirmando que a assumiu no último dia 4 de setembro, com serviços atrasados em “mais de um ano”, “7 mil petições por despachar” e “cerca de 500 petições de recurso que nem sequer foram juntadas aos autos”. Para solucionar o problema, afirma ter contado com a ajuda dos servidores da equipe, com quem fixou a meta de fazer “75 audiências por semana”.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (15), a Amatra-2 lamentou a morte da servidora e elogiou o pedido de desculpas divulgado pela juíza, o qual “traduz com melhor desenvoltura seus pensamentos, sua retratação e resgata sua relevante história como servidora e magistrada”. A entidade defende a juíza ao dizer que as relações sociais e humanas “não podem ser definidas ou catalogadas por um único ato”. E conclama os juízes a se preocuparem com as condições de trabalho de magistrados e servidores, bem como pede ao Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região aprimore sua política de recursos humanos, “a fim de que contemple a avaliação do clima organizacional e atue com vigor em busca de solução a eventuais problemas”.

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