Jornal britânico sugere menos esportes para salvar Rio 2016

Um artigo publicado com destaque na edição desta quinta-feira no jornal britânico The Guardian sugere que o Brasil deveria cancelar a realização de diversos esportes nos Jogos Olimpícos do Rio de Janeiro, em 2016 – sobretudo os de elite, como tênis, golfe, iatismo e hipismo – e realizar um evento mais barato e enxuto. A […]

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Um artigo publicado com destaque na edição desta quinta-feira no jornal britânico The Guardian sugere que o Brasil deveria cancelar a realização de diversos esportes nos Jogos Olimpícos do Rio de Janeiro, em 2016 – sobretudo os de elite, como tênis, golfe, iatismo e hipismo – e realizar um evento mais barato e enxuto.

A reportagem de duas páginas, com destaque na capa, é assinada do Rio de Janeiro por Simon Jenkins, um dos principais colunistas do The Guardian.

Jenkins diz que o Brasil tem sido constantemente criticado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) por atrasos nas obras. O Brasil teria completado apenas 10% das estruturas da Olimpíada. Em Londres, dois anos antes do evento, esse índice já era de 60%.

Para ele, o Brasil deveria rejeitar as críticas do COI e investir menos nos Jogos. Isto seria uma forma de “salvar” o evento dos gastos excessivos e incompatíveis com a realidade da maioria dos países.

“Com as eleições nacionais em outubro e o apoio aos Jogos despencando, os políticos do Brasil poderiam alegar motivos de força maior, desmascarar o blefe do COI e sediar uma versão enxuta e de austeridade dos Jogos, como a Grã-Bretanha fez em 1948.”

Coragem que faltou a Londres

“Eu acredito que o Rio ainda tem tempo para mostrar a coragem que faltou a Londres em 2005 (ano em que a capital britânica foi escolhida para sediar os Jogos de 2012). Londres gabou-se de que sediaria os “Jogos do Povo”. Mas acabou capitulando à grandiosidade do COI, construindo um novo estádio, em vez de usar o de Wembley, e elevando seu orçamento de US$ 4 bilhões para US$ 13 bilhões”, escreve Jenkins.

“O Rio poderia fazer justamente o oposto. Ele poderia receber o mundo com quaisquer estádios e arenas que sobraram dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e se amparar na televisão para (levar os Jogos aos) demais.”

“Se fizer isso daí, em vez de ser abusado por atraso e incompetência, esta cidade magnífica teria o mundo comemorando sua ousadia e sua coragem”, opina.

O colunista do jornal afirma, ainda, que a Copa do Mundo deste ano pode servir como uma espécie de catalisador para que o Brasil venha a “enxugar” a Olimpíada do Rio. Segundo ele, a população está agora percebendo os absurdos que são os investimentos feitos em eventos como este.

“(A Copa) está custando US$ 4 bilhões ao Brasil só em estádios para 64 jogos, mais o mesmo valor em infraestrutura. Isso é um assustador US$ 125 milhões por partida. Só generais em guerra e autoridades suíças de esporte conseguem contemplar gastos tão obscenos”, critica.

Jenkins diz que eventos grandes “traumatizam” cidades grandes e complexas, e acusa o COI de ser “viciado em extravagâncias”.

Ele também descarta os efeitos do legado destes eventos nos países. Jenkins se disse inicialmente entusiasmado com o programa Morar Carioca, de investimento em infraestrutura de moradia para 200 mil pessoas em favelas no Rio.

“Esse plano seria um legado verdadeiro, um dos projetos de renovação urbana mais criativos que já vi em qualquer lugar.”

No entanto, para ele, o programa da Prefeitura do Rio foi praticamente abandonado pelas autoridades.

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