Grupos fazem campanha pelo uso de bermudas nos escritórios no Brasil
“É o assanhamento” deste verão, diz a autora e consultora de moda Gloria Kalil, sobre o uso das bermudas no trabalho. Um grupo de três amigos do Rio de Janeiro resolveu fazer um site para incentivá-las e, segundo eles, está fazendo sucesso. O publicitário Ricardo Rulière, 26, um dos que estão à frente da página, […]
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“É o assanhamento” deste verão, diz a autora e consultora de moda Gloria Kalil, sobre o uso das bermudas no trabalho. Um grupo de três amigos do Rio de Janeiro resolveu fazer um site para incentivá-las e, segundo eles, está fazendo sucesso.
O publicitário Ricardo Rulière, 26, um dos que estão à frente da página, conta que o bermudasim.com.br nasceu em torno de uma conversa informal. A primeira ideia era criar um disparador de e-mail anônimo para pedir a um chefe que libere a vestimenta.
Do dia 8 de janeiro, quando o site foi ao ar, até esta terça-feira, foram 1.700 mensagens anônimas enviadas a chefes.
Os amigos também fizeram “mandamentos” sobre como usar bermuda no trabalho (por exemplo, “uniforme de time não é bermuda”, “não é porque está de bermuda que pode usar regata” e “bermuda só a partir dos 29,8ºC”).
O que motivou a criação da página foi o calor dos primeiros dias do ano. “Sofrer e suar é pior para o rendimento profissional, fica-se estressado e não se trabalha direito”, diz Rulière.
VISUAL TROPICAL
Kalil concorda: “Faz sentido reivindicar uma roupa mais tropical. Homens usam essas roupas [ternos] porque é uma convenção. Não é lei. Se, quiserem, que criem nova convenção”.
Ela diz que, para que o padrão mude, “precisamos que o nosso Steve Jobs se apresente de bermuda”. “Não será um estilista que irá mudar a cabeça convencional dos brasileiros. Homem só obedece ao poder, não obedece às ideias.”
Ou seja, a bermuda precisa de um ícone. “O Jorge Paulo Lemman [o homem mais rico do país] inaugurou a roupa casual para o mercado financeiro no Rio de Janeiro. E, hoje, um amigo meu diz que só quem usa terno no Rio é quem tem menos de R$ 1 milhão”, diz a consultora.
A ideia ganhou força neste verão, mas ela não é assim tão nova. Há quatro anos o empresário de Brasília Fabricio Buzeto, 29, redigiu um “manifesto bermudista”. Ele é dono de uma empresa que desenvolve softwares, e diz que já deu muito emprego a profissionais que, por causa da aparência, não teriam chances no mercado.
“No trabalho, muitas vezes, os profissionais são julgado por outras coisas que não a eficiência.”
No escritório do Peixe Urbano, no Rio, também é a regra. Vitor Vander Vellden, 30, gerente de produtos, conta que nos dias mais quentes, todos os homens vão de bermuda. Os clientes e parceiros já sabem o que esperar, diz.
“A gente já trabalhou em prédios comerciais. Dá um pouco de dó ver os vizinhos de prédio de terno e gravata nesse calor.”
Para o caso de a empresa liberar as pernas de fora para os homens no escritório, a consultora de moda diz que é preciso ficar atento ao calçado. “Evidentemente que uma bermuda pede sapato sem meia ou tênis com meia sem aparecer.”
Ela indica sapatos mocassim ou “dockside”.
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