Espaço: 2014 promete missão em cometa e sondas em Marte

A reativação da sonda espacial Rosetta, que deve pousar em um cometa, e a chegada do satélite Gaia a sua órbita, para produzir um verdadeiro censo galático, marcaram apenas o início de um ano de grande expectativa para a exploração espacial. “Nunca se desvendou tanto sobre o universo onde vivemos, mas sabemos que estamos apenas […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

A reativação da sonda espacial Rosetta, que deve pousar em um cometa, e a chegada do satélite Gaia a sua órbita, para produzir um verdadeiro censo galático, marcaram apenas o início de um ano de grande expectativa para a exploração espacial. “Nunca se desvendou tanto sobre o universo onde vivemos, mas sabemos que estamos apenas arranhando a superfície. O futuro será brilhante para a astronomia, a astrofísica e a cosmologia, e 2014 promete seguir neste sentido”, afirma Lúcio Marassi, doutor em cosmologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e especialista em cosmologia computacional pelo Instituto de Astrofísica de Paris.

Firmado em dezembro de 2010, o acordo de participação do Brasil no Observatório Europeu do Sul (European Southern Observatory, ESO) foi celebrado pelos cientistas brasileiros. Contudo, Quase três anos depois, no entanto, o projeto, que custará aproximadamente R$ 1,1 bilhão ao longo de 11 anos, ainda espera aprovação do Legislativo. Veja a seguir algumas das instalações do ESO que os brasileiros podem ter aceso

A Pesquisa de Energia Escura (DES) foi criada para sondar a origem da expansão do universo e ajudar a descobrir a natureza da energia escura medindo a história de 14 bilhões de anos da expansão cósmica com alta precisão. Mais de 120 cientistas de 23 instituições nos Estados Unidos, Espanha, Reino Unido, Brasil e Alemanha se envolveram no projeto, que construiu uma câmara digital de 570 megapixels extremamente sensível, a DECam, e a montou no telescópio Blanco, no Chile. “É o projeto mais atraente na minha área. E neste ano sairão os primeiros resultados desse projeto”, diz Marassi.

Rosetta

Lançada em 2004, a Missão Rosetta, da Agência Espacial Europeia, tem o objetivo inédito pousar em um cometa. O escolhido foi 67P/Churyumov-Gerasimenko, que viaja entre as órbitas da Terra e de Júpiter. Em janeiro, a sonda “acordou” após ter permanecido em modo de “hibernação” por 957 dias. A missão se aproximará do alvo em agosto e, depois de análises e estudos iniciais, lançará uma sonda para monitorar as alterações desse corpo em sua jornada em direção ao Sol. Examinando a composição do cometa e suas transformações, esse estudo pode ajudar a entender a evolução do universo.

Gaia

É uma das missões mais audaciosas e caras da história da exploração espacial. A Gaia pretende produzir um mapa tridimensional da Via Láctea, um esforço de 1 bilhão de euros que conta com a colaboração de cientistas de diversos países para investigar 1 bilhão de estrelas da nossa galáxia. O satélite atingiu sua órbita em janeiro, mas seus dados devem começar a produzir resultados a partir de 2017.

Estação Espacial Internacional

Uma boa notícia para a Estação Espacial Internacional foi anunciada em janeiro: a Nasa estenderá sua missão na ISS, que iria até 2020, por mais quatro anos. As outras agências envolvidas nas operações da ISS, porém, ainda não anunciaram se terão missões na estação após 2020. Outra boa notícia é que, na metade deste ano, uma impressora 3D será enviada pela primeira vez à ISS. Com ela, os astronautas poderão criar ferramentas e peças sobressalentes. A ideia é economizar com os custos de envio de equipamento até a estação e criar tudo que for possível de lá mesmo. Se tudo der certo, uma versão permanente da impressora será enviada em 2015.

Astronomia e estatística

A astronomia sempre esteve muito ligada à física, tanto nos temas de pesquisa quanto na proximidade geográfica dos institutos e departamentos, lembra Emille Ishida, doutora em física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especialmente porque a obtenção de dados em astronomia era muito difícil. “Entretanto essa situação mudou radicalmente nas últimas décadas, e agora nós enfrentamos praticamente o problema oposto”, explica Emille. “Com o advento de grandes levantamentos de dados, somos inundados com novas informações o tempo todo e, consequentemente, a interação com a estatística se torna imprescindível. Acredito que uma colaboração devidamente orquestrada entre estatística e astronomia tem um enorme potencial cientifico, e o início de grupos de trabalho interdisciplinares é a minha maior expectativa para 2014”. Um dos resultados recentes dessa aproximação é o International Astrostatistics Association (IAA), grupo de pesquisadores de todo o mundo que busca facilitar a troca de experiências entre essas áreas.

Conteúdos relacionados