A grande família: bons de voto, clãs se perpetuam na política de Mato Grosso do Sul

Filhos, irmãos, esposas, primos e sobrinhos. A política é recheada deles. Em Mato Grosso do Sul, o exemplo mais emblemático é o da família Trad, mas não é o único. Existem até casos de parentes que são adversários políticos, como o dos primos Waldemir Moka (PMDB) e Zeca do PT, respectivamente senador e vereador. Quando […]

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Filhos, irmãos, esposas, primos e sobrinhos. A política é recheada deles. Em Mato Grosso do Sul, o exemplo mais emblemático é o da família Trad, mas não é o único. Existem até casos de parentes que são adversários políticos, como o dos primos Waldemir Moka (PMDB) e Zeca do PT, respectivamente senador e vereador.

Quando chegou a Mato Grosso (então estado uno), na década de 20, Assaf Trad dificilmente poderia imaginar que levaria o sobrenome para todas as esferas de poder em Mato Grosso do Sul. Ele conheceu a imigrante libanesa Margarida Maksoud e ambos tiveram um filho: Nelson Trad.

Nascido no dia 30 de outubro de 1930, em Aquidauana, Nelson foi deputado federal, se casou com Therezinha Mandetta e teve cinco filhos: Fátima, Nelsinho, Marquinhos, Fábio e Maria Thereza.

Nelsinho foi vereador, deputado estadual, prefeito de Campo Grande por duas vezes, secretário de Estado e hoje é pré-candidato a governador. Marquinhos foi vereador, é deputado estadual e pré-candidato à reeleição. Fábio foi presidente da OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso do Sul), é deputado federal e também pré-candidato à reeleição. Os três são do PMDB.

Conhecida pelos ensaios sensuais para revistas masculinas, Maria Thereza Trad, a Tetê, adiou a entrada na política após ter ficado grávida. Dos filhos de Nelson Trad, apenas Fátima Trad Martins nunca manifestou interesse em entrar na política. No entanto, ela e o marido Leandro Mazina Martins, ex-secretário de Saúde, tiveram um filho: Otávio Trad. O caçula é vereador de primeiro mandato, mas já preside a Comissão de Permanente de Legislação, Justiça e Redação Final, a mais importante da Câmara Municipal, responsável por analisar todos os projetos que dão entrada no Parlamento.

Os irmãos Trad (Nelsinho, Fábio e Marquinhos, além de Tetê e Fátima) têm ainda dois primos no cenário político: o deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM), filho do médico Hélio Mandetta e de Maria Olga Mandetta, e o vereador Paulo Siufi (PMDB), que já presidiu a Câmara Municipal de Campo Grande.

PT e PMDB – Já a ex-mulher de Nelsinho Trad, Antonieta Amorim, é pré-candidata a deputada estadual e suplente do senador Waldemir Moka (PMDB). O senador peemedebista, por sua vez, é primo do vereador e ex-governador Zeca do PT, que são adversários políticos.

Zeca também tem seus parentes na política. Casado com Gilda Gomes, ele é tio do deputado federal Vander Loubet (PT) e irmão de Heitor Miranda, prefeito de Porto Murtinho. Durante o seu primeiro mandato de governador, ele chegou a ser acusado de nepotismo ao colocar irmão, mulher e sobrinhos em cargos públicos.

Pré-candidata a senadora, a vice-governadora Simone Tebet (PMDB) é filha do ex-senador Ramez Tebet (1936-2006), advogado de origem libanesa que presidiu o Senado Federal entre os anos de 2001 e 2003. O presidente do Senado é o terceiro na linha sucessória da Presidência da República, atrás apenas do vice-presidente e do presidente da Câmara dos Deputados.

O senador Delcídio do Amaral (PT), pré-candidato a governador, também teve um político na família. Ele é sobrinho do ex-deputado estadual Rômulo do Amaral, que faleceu em abril.

De pai para os filhos – Recordista nacional de mandatos consecutivos, Londres Machado (PR) foi outro que fez herdeiros. A mulher dele, Ilda Machado, já foi prefeita de Fátima do Sul, e a filha, Grazielle, é vereadora de Campo Grande. Já o filho, Gutemberg Judson Salgado Machado, o “Guy” Machado, foi vereador por um mandato e presidente da Câmara, mas não quis seguir a carreira política.

Londres acumula 11 mandatos de deputado estadual e 50 anos de vida pública. Agora, aos 70 anos, estuda a possibilidade de deixar o campo político e abrir mais espaço para a filha.

Já o presidente da Assembleia Legislativa, Jerson Domingos (PMDB), tem na política a irmã Tereza Name (PSD), que já foi vereadora e poderá disputar uma das cadeiras na Assembleia Legislativa.

Ele irá se aposentar da política e é cotado para assumir o cargo de conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado). Além disso, o cunhado dele, Pedro Chaves, é suplente do senador Delcídio do Amaral (PT) e assumirá a cadeira no Congresso Nacional se o petista foi eleito governador. O mandato de Delcídio no Senado vai até 2018.

Em casa – A Câmara Municipal de Campo Grande conta com vários exemplos de herdeiros políticos. O vereador Paulo Pedra (PP) é sobrinho do ex-prefeito de Campo Grande Albino Coimbra Filho. Magali Picarelli é esposa do deputado estadual Maurício Picarelli (os dois do PMDB) e Luiza Ribeiro (PPS) é casada com Flávio Brito, ex-diretor da Fundesporte (Fundação Municipal de Esporte), que atua na campanha do deputado federal Geraldo Resende (PMDB).

Já a Assembleia Legislativa teve até o caso de ter dois irmãos deputados: Zé Teixeira (DEM, na época PFL) e Humberto Teixeira (PDT), que vivenciaram vários desentendimentos à época. Humberto foi também prefeito de Dourados de 1993 a 1996.

No PSDB também há caso de parentes na política. O suplente de deputado Professor Rinaldo é irmão da vereadora Professora Rose.

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