Com a expansão de Dourados, as estradas ficam no perímetro urbano, engessam o trânsito e ameaçam a segurança

A falta de planejamento das rodovias que cortam a cidade de Dourados mostra-se evidente a cada dia que passa. Na última década o município expandiu para fora da BR-163 e MS-156 e há 5 anos vem construindo lotes habitacionais às margens da rodovia Guaicurus, um risco para moradores dessas regiões que só tem essas vias como meio de acesso para chegar em suas casas. Sem outras opções, elas dividem as rodovias com o tráfico de caminhões e demais veículos que diariamente passam por Dourados.

A região que mais cresceu no entorno de uma rodovia é a do Jardim Guaicurus. Até pouco tempo o bairro era praticamente isolado, no entanto, a Prefeitura de Dourados criou ao lado um conjunto popular, o Dioclésio Artuzi, que já foi entregue à população, e está finalizando mais um, o Residencial Harrison Figueiredo, que contará com quase mil moradias. Somente nesse último residencial irão residir cerca de três mil pessoas.

A população desses três bairros passa de seis mil pessoas e elas só têm a MS-156 como via de acesso para o centro da cidade. O problema é que essa rodovia cruza a BR-163 e somente uma rotatória controla o tráfego. Como as vias também são utilizadas para o escoamento de produção da região sul, o movimento é intenso e por conta disso várias mortes vitimaram moradores da região.

O arquiteto e urbanista Luiz Carlos Ribeiro diz que o principal problema em Dourados é a falta de planejamento de suas rodovias. “O governo do estado atendeu ao pedido da população, de duplicar a BR-163, no entanto o projeto falhou em não se pensar que no entorno da rodovia há vários bairros e que a cidade crescerá muito para essa região”, disse.

Ele também chama a atenção para a rodovia Guaicurus, de acesso às universidades e aeroporto. “A comunidade também clama pela duplicação e se o projeto cometer o mesmo erro, os moradores sofrerão com o tráfego num futuro próximo”, alertou. O Governo do Estado planeja duplicar a Guaicurus até o final do ano que vem.

Na avaliação do arquiteto, a BR-163 no cruzamento com a MS-156 deveria ter um rebaixamento de forma que a156 passasse por cima. No local deveria, também, ter outras vias de acesso para os moradores daquela localidade. “Volto a afirmar que é uma questão de planejamento. A cidade tem que ser pensado num todo”, finaliza.

Preocupação

O cruzamento da BR-163 sempre foi motivo de preocupação para moradores do Jardim Guaicurus. A doméstica Maria Antonia da Silva perdeu um vizinho ano passado, atropelado na rodovia, e teme pelo filho. “Esse ano meu filho de 14 anos vai estudar em uma escola do bairro Terra Roxa, do outro lado da BR, e ele irá de bicicleta. Tenho muito medo de acidente e mesmo orientando ele a gente fica preocupara”, diz.

O Jardim Guaicurus é um bairro considerado pobre e grande parte de seus moradores utilizam bicicleta como meio de transporte. O mesmo se repete com o Residencial Dioclésio Artuzi e o Harrison Figueiredo, a ser entregue a famílias de baixa renda.