A morte do ex-vereador de Anastácio e ex-secretário de planejamento de Miranda, Wander da Silva Vital, o Dinho Vital, de 40 anos, no fim da tarde de quarta-feira (8), é tratada como execução pela classe política e por presentes na festa onde ocorreu briga entre Dinho e o ex-prefeito do município, Douglas Figueiredo, que precedeu a morte.

Boletim de ocorrência do caso foi registrado como ‘Homicídio decorrente de oposição a intervenção policial’, ou seja, confronto com a polícia. Porém, a Corregedoria da PM abriu procedimento para apurar o envolvimento dos dois PMs envolvidos, o sargento Valdeci Alexandre da Silva Ricardo e o cabo Bruno Cesar Malheiros dos Santos.

Fonte revelou ao Jornal Midiamax que Dinho foi atingido por dois disparos, sendo um nas costas, apontando para uma ‘morte violenta’ e sinônimo de execução pela dinâmica. Há ainda a informação de que vários tiros foram disparados contra Dinho.

No entanto, políticos e pessoas que estavam presentes no evento ouvidos pelo Jornal Midiamax não concordam com a tese da polícia. “Mataram com tiro nas costas, armaram tudo, a missão deles era matar o Dinho”, disse um político que estava na festa, mas pediu anonimato por também temer pela sua segurança.

Servidor público questiona o fato do ex-prefeito Douglas Figueiredo ter policiais militares como seguranças particulares. “Ele [Douglas] pode mandar matar qualquer um e falar que foi confronto”.

Conforme relatos de testemunhas, Dinho não estava armado na festa e, em nenhum momento, proferiu ameaças contra o ex-prefeito, Douglas.

O que dizem várias testemunhas diverge da versão oficial da polícia. Quem presenciou o crime afirma que os PMs à paisana que estavam armados e ao lado do ex-prefeito a todo momento o acompanhou para fora do local após a discussão. “O ex-prefeito estava a alguns metros do local da festa, não estava nem no trevo ainda, quando voltaram lá [os PMs] e mataram o cara”, pontua o político.

Outro ponto que gerou revolta da população foi o fato de que os PMs envolvidos na morte de Dinho ingeriram bebida alcoólica durante o evento e, assim, estariam sob efeito de álcool durante a execução.

Quem presenciou a briga afirmou que tudo não passou de uma discussão política, uma vez que os dois trabalharam juntos anteriormente. “Foi só uma discussão, ninguém tinha tirado arma, nem houve ameaça. Dinho chamava o ex-prefeito de corrupto, que não cumpriu com ele”, lamentou um político.

Dinho também foi secretário municipal em Anastácio (Foto: O Pantaneiro e Arquivo Pessoal)

Defesa confirma ingestão de cerveja

A defesa dos PMs envolvidos confirmou que os dois ingeriram bebida alcoólica. “Os dois fizeram pouca ingestão e estavam completamente conscientes e orientados, ao contrário da vítima que estava agressiva, alterada e exaltada. No momento do fato, no fim da festa, não estavam sob efeito de álcool”, diz o advogado Lucas Arguelho Rocha.

Sobre as alegações de que teria sido uma execução e não um confronto, Lucas diz que a tese não procede. “O ex-vereador [Dinho] estava com armas em punho em direção aos mesmos [PMs], que se apresentaram como polícia e pediram para largar a arma em reiteradas repetições. Eles reagiram na questão de repelir a injusta e iminente agressão que sofreriam, de forma moderada”, afirma.

No entanto, não explicou o fato de um dos tiros ter sido disparado pelas costas de Dinho. “Sobre o tiro nas costas eu não tenho nada a esclarecer, pois a prova pericial não foi produzida ainda sobre quantos disparam foram. A investigação ainda não encerrou”, pontuou.

Já quanto ao fato dos dois PMs serem capangas do ex-prefeito, a defesa argumenta que um deles sequer conhecia Douglas. Já o outro PM teria ‘uma certa amizade’.

“Um deles foi convidado por um amigo para ir à festa e o outro estava auxiliando na sonorização da banda e estava até com crachá profissional. Não estavam prestando segurança ao ex-prefeito ou ninguém”, argumenta, negando também a versão de várias testemunhas que afirmam terem visto os dois PMs acompanhando Douglas na saída da festa. “Não saiu com nenhum dos policiais, eles permaneceram no ambiente”.

Caso revoltou população de Anastácio

O caso gerou revolta na população de Anastácio, que já planeja passeata para pedir Justiça. Pois, segundo moradores, os policiais estão pelas ruas da cidade. Inclusive, amigos e familiares de Dinho levaram ao velório, que ocorreu na Câmara Municipal, faixas pedindo um desfecho do caso. 

“Tudo passa, menos a dor da perda do nosso amigo Dinho. Justiça já, a todos os envolvidos nesse crime”, diz em uma das faixas. 

Briga e execução

Após a discussão, Dinho teria sido retirado da festa. Com a chegada dos policiais, conforme a versão do boletim de ocorrência, eles se dirigiram até onde Dinho estava, próximo a um carro na beira da rodovia, com a arma em punho.

Ainda conforme as informações do boletim de ocorrência, ele foi alertado pelos militares, que informaram que eram policiais e ordenaram que Dinho largasse a arma.

Entretanto, segundo o B.O, ele não acatou, disparando na direção dos policiais, “que não tendo outra alternativa para conter a agressão”, efetuaram disparos contra o ex-vereador, informa o boletim de ocorrência.

Logo após ser atingido, ele teria tentado correr para trás do veículo, caindo ao solo, e morreu no local. Após o ocorrido, a polícia realizou o isolamento do local e as equipes da polícia civil e da perícia foram acionadas.