Maduro diz que rosto de Chávez apareceu em obra do metrô de Caracas

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, exibiu na noite de quarta-feira (31) uma imagem que ele afirma ser do rosto do ex-presidente Hugo Chávez, morto em março deste ano, nas obras de um túnel do metrô de Caracas. “Olhem a figura, um rosto. Esta foto foi feita pelos trabalhadores, os operários. Quem está neste rosto? […]

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, exibiu na noite de quarta-feira (31) uma imagem que ele afirma ser do rosto do ex-presidente Hugo Chávez, morto em março deste ano, nas obras de um túnel do metrô de Caracas.

“Olhem a figura, um rosto. Esta foto foi feita pelos trabalhadores, os operários. Quem está neste rosto? Um olhar(…) É o olhar da pátria que está em todos os lados(…) Os trabalhadores estão ali, trabalhando e lhes aparece uma imagem na parede e, assim como apareceu, desapareceu. Chávez está em todas as partes”, disse Maduro, sorrindo, em um encontro com movimentos populares no Poliedro de Caracas.

Maduro tenta administrar uma grande crise econômica na Venezuela. O país enfrenta escassez de produtos básicos e de comida e uma alta inflação. A tática mais utilizada pelo atual presidente para manter o controle da população é grudar sua imagem na do líder Hugo Chávez.

A tática foi utilizada durante toda sua campanha para presidente e, por pouco, não deu certo. Maduro ganhou a eleição sobre o oposicionista Henrique Capriles, mas por uma margem muito menos confortável do que acreditava.

Com as crises internas, Maduro passou a ter de enfrentar a incredulidade até mesmo do eleitor chavista. No começo deste mês, o jornal americano “The New York Times” publicou uma reportagem em que parte da população venezuelana afirma que o atual presidente não passa de “cópia barata” de Chávez.

“Esse foi o maior erro que Chávez já cometeu”, disse ao “New York Times” Axel Ortiz, 20, estudante, referindo-se à escolha de Maduro como sucessor de Chávez. Ortiz ainda se define como chavista – um leal partidário do ex-presidente –, mas ele questiona a capacidade de Maduro em resolver os problemas do país. “Chávez era a única pessoa qualificada, o único que conseguia manter as coisas sob controle por aqui”.

Por isso, sempre que pode, Maduro relembra Chávez em seus discursos e, costumeiramente exagera como no caso da imagem nas obras do metrô.

Em abril, durante a campanha para a eleição presidencial convocada após a morte de Chávez, em 5 de março, Maduro afirmou ter visto o comandante encarnado em um “pássaro”.

Desde então, em vários discursos imitou o som do pássaro para fazer referência à presença de Chávez. Maduro foi muito criticado e alvo de piadas de opositores pela referência, mas disse que não estava preocupado.

Em junho, o presidente venezuelano afirmou que Chávez “aparecia” nas montanhas que dominam a paisagem de Caracas.

“Cada vez que observo a montanha, vejo Chávez aparecer na montanha. Chávez nosso de todos os dias”, afirmou durante um evento público em Caracas.
Neste mês, Maduro propôs que o pensamento do ex-presidente seja ensinado nos colégios venezuelanos, ao afirmar que sua obra representa o que existe de “mais avançado no século 21”. Em outra declaração polêmica, Maduro disse que Chávez “viveu como Cristo e como São Francisco”.

No último dia 24, o atual presidente anunciou a criação do vice-ministério para a Suprema Felicidade Social. A nova pasta, baseada, claro, em uma frase de Hugo Chávez, tem a responsabilidade de coordenar programas de assistência social desenvolvidos pelo Executivo.

“Decidi criar o gabinete do vice-ministério – e chamei-o assim em honra ao nosso comandante [Hugo] Chávez e de [Simón] Bolívar – para a Suprema Felicidade Social do povo venezuelano, de coordenação das missões [programas de assistência social]”, disse Maduro que também anunciou a criação do “Dia da Lealdade ao Legado de Chávez e do Amor à Pátria” que será celebrado em 8 de dezembro.

A data, além de ser marcada pela última aparição pública do ex-presidente Hugo Chávez, também coincide com as eleições municipais do país. Segundo especialistas, o pleito funcionará como uma espécie de referendo para avaliar o governo de Maduro.

A Venezuela já tem outros três feriados chavistas. Em 28 de julho, o país celebra o aniversário de Chávez, dia 8 de agosto os venezuelanos homenageiam a entrada do ex-presidente no Exército, e em 4 de fevereiro, a Venezuela comemora o golpe contra o ex-presidente Carlos Andrés Perez.

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