Governo do DF rompe contrato com a Delta para coleta de lixo

O governo do Distrito Federal (GDF) anunciou nesta quarta-feira que rescindiu o contrato do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) com a Delta Construções, que está no epicentro das investigações envolvendo os laços do empresário Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas. A Delta era responsável por parte da coleta de lixo no Distrito Federal. Em coletiva […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O governo do Distrito Federal (GDF) anunciou nesta quarta-feira que rescindiu o contrato do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) com a Delta Construções, que está no epicentro das investigações envolvendo os laços do empresário Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas. A Delta era responsável por parte da coleta de lixo no Distrito Federal.

Em coletiva concedida nesta tarde, o secretário de Transparência, Carlos Higino, negou que a decisão de rescindir o acordo esteja relacionada às suspeitas envolvendo a empresa. “Estamos cumprindo uma decisão de Justiça”, declarou.

Higino se referia à decisão da 1ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, de 24 de maio, que cancelou limitar na qual a Delta se apoiava para executar os serviços de limpeza no DF. Em 2007, durante o mandato de José Roberto Arruda (sem partido) como governador, a empresa foi desclassificada no processo de licitação para o serviço. Dois anos depois, conseguiu na Justiça uma liminar para assumir os contratos.

A Delta mantém contratos de R$ 470 milhões com o governo do Distrito Federal para a coleta de lixo. Os contratos foram fechados antes de Agnelo Queiroz, também suspeito de envolvimento com Cachoeira, assumir o GDF.

Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

 

Conteúdos relacionados