Ex-moradores de barracos destruídos protestam e dizem que vivem de favor após despejo

Nem prefeitura, nem Emha, foram até o local, apesar dos vários contatos feitos pelo grupo, diz Dejanira

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Nem prefeitura, nem Emha, foram até o local, apesar dos vários contatos feitos pelo grupo, diz Dejanira

Os moradores dos sessenta e dois barracos que foram destruídos há onze dias no cruzamento da rua Manduba com a avenida Panomia, no Bairro Taquaral Bosque, se reuniram na manhã deste domingo (1°) para cobrar um posicionamento das autoridades.

Dejanira Dias Medrado, 38 anos, uma das organizadoras da manifestação, disse que o grupo se reuniu para expor tudo que aconteceu no dia da retirada dos barracos e tentar de alguma forma encontrar uma solução para o problema.

Entretanto, nem prefeitura, nem Emha (Empresa Municipal de Habitação) foram até o local, apesar dos vários contatos feitos pelo grupo, segundo Dejanira.

Ela conta que desde o dia do despejo, as famílias estão jogadas a própria sorte. “Alguns estão vivendo de favor, outros pagando aluguel altíssimo. Estamos todos sem casa”.

Ela mesma está vivendo com dois filhos, o marido e uma neta nos fundos da casa da sogra.

Já Adriana Lopes Ribeiro, 30 anos, conta que ela, o marido e a filha estão de favor na casa de um amigo. “Só não estamos na rua, porque um amigo nos cedeu duas peças na casa dele”.

O pedreiro Pedro Paulo Pereira, 41 anos, está pagando aluguel. O dinheiro faz falta no orçamento. “Ganho cerca de R$ 1 mil por mês. Pago R$ 350 de aluguel, aí tem água, luz. Esse valor tá fazendo muita falta pra minha família”, diz Pereira que sustenta seis filhos e a mulher.

Ele ainda conta que há 12 anos está inscrito na Emha. “Todo ano vou lá e renovo minha inscrição. Até agora nada”, reclama.

Como ele, Jair Toledo de Souza, 42 anos, e Márcia Luiza de Oliveira, 42 anos, também estão inscritos. Ele há 8 anos e ela há 11. “Queremos uma casa para morar”.

Os moradores disseram que estão dispostos a pagar pelo lote, ou mesmo pela casa, mas precisam que as autoridades dêem alguma resposta à eles, já que procuraram por várias vezes a prefeitura e ninguém se manifestou.

Eles ainda disseram que se tiverem o lote e a planta das casas, organizam um mutirão e constroem tudo. “A maioria aqui é pedreiro. A gente mesmo ergue as casas”, pontuaram.

Audiência Pública

O vereador Alex do PT estava no local e disse que vai convocar uma audiência pública para debater o assunto.

O parlamentar disse que vai pedir explicações da forma como a retirada dos moradores foi conduzida. Ele disse que, segundo informações da comunidade, os moradores foram obrigados a assinar documentos sem saber o teor do texto.

Para ele, houve abuso de poder e isso precisa ser investigado. “Isso não pode ser tratado como questão policial. Eles não são marginais. Isso é questão social. É preciso ver o que aconteceu”, pontuou Alex.

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