Em nota, DEM diz que PT usa CPI para tirar foco do mensalão
O partido Democratas (DEM) divulgou neste sábado uma nota em que acusa o PT de usar a CPI mista para tirar as atenções voltadas ao mensalão. O texto, assinado pelo deputado ACM Neto (BA), afirma que o partido da presidente Dilma Rousseff tem um plano para “desestabilizar as instituições democráticas do Brasil por meio de […]
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O partido Democratas (DEM) divulgou neste sábado uma nota em que acusa o PT de usar a CPI mista para tirar as atenções voltadas ao mensalão. O texto, assinado pelo deputado ACM Neto (BA), afirma que o partido da presidente Dilma Rousseff tem um plano para “desestabilizar as instituições democráticas do Brasil por meio de ataques à imprensa e ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel”.
“O Brasil não vai permitir que sejam adotados comportamentos abusivos de países como a Venezuela, onde juízes, procuradores e jornalistas são perseguidos por não concordarem com posturas antidemocráticas”, afirma a declaração.
Criticado por ter supostamente atrasado as investigações sobre Cachoeira, Gurgel disse na última quarta-feira que os ataques vinham de pessoas que temem o julgamento do mensalão. “São pessoas que, na verdade, aparentemente, estão muito pouco preocupadas com as denúncias em si mesmas, com os fatos, os desvios de recursos e a corrupção, e mais preocupadas com a opção que o procurador-geral, como titular da ação penal, tomou em 2009, opção essa altamente bem sucedida”, afirmou.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir ouros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.
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