Deputados de MS defendem fim de salário extra, mas se queixam de gastos com o mandato
Ameaçados de perder dois salários extras por ano, deputados estaduais de Mato Grosso do Sul declararam-se favoráveis ao corte da verba, em discussão no Congresso Nacional, mas se queixaram de gastos com assistencialismo e alguns até afirmaram abandonar a carreira no caso de perder o benefício. Os parlamentares alegam que a “ajuda de custo”, como […]
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Ameaçados de perder dois salários extras por ano, deputados estaduais de Mato Grosso do Sul declararam-se favoráveis ao corte da verba, em discussão no Congresso Nacional, mas se queixaram de gastos com assistencialismo e alguns até afirmaram abandonar a carreira no caso de perder o benefício.
Os parlamentares alegam que a “ajuda de custo”, como preferem classificar o 14º e 15º salários, contribuem para atender as bases. Segundo eles, diariamente, vários eleitores os procuram para solicitar ajuda financeira para bancar exames de saúde, médicos, festas de formatura, viagens e até cesta básica.
“Se a gente não ajudar, seremos parlamentar de um mandato só”, comentou o líder do PMDB na Assembleia, deputado Eduardo Rocha. Segundo ele, tirando os descontos, o salário chega a R$ 14,5 mil. Portanto, a verba extra anual equivale a R$ 29 mil. Apesar das dificuldades de ficar sem o benefício, o parlamentar disse seguir com rigidez a lei. “Não quero receber nada que não esteja de acordo com a lei”, frisou.
Desde 1941, os parlamentares recebem a verba extra. Antigamente, o benefício era justificado por conta das dificuldades de transitar entre o Distrito Federal e suas bases eleitorais. Hoje, com o avanço da tecnologia, eles circulam em poucas horas entre uma cidade e outra. Daí a origem do debate para acabar com o benefício. Ontem (27), a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado) aprovou o corte da verba. Agora, a discussão precisa passar em plenário para ser aplicada nas Assembleias Legislativas.
No caso de a medida passar a vigorar, o deputado Antônio Carlos Arroyo (PR) revelou abandonar a carreira política, apesar de concordar com a revisão do benefício. “Não vou ficar pagando para ser deputado”, disse. Ele explicou atender 35 municípios, onde, frequentemente, é abordado com solicitações para conseguir médico, escola e cesta básica.
O deputado Márcio Monteiro (PSDB) confirmou ser impossível sobreviver apenas com o salário de parlamentar. “Não viveria com esse dinheiro, estou aqui por um ideal”, comentou.
Hoje, além do salário, os deputados recebem R$ 11,2 mil de verba indenizatória e outros R$ 45 mil para custear gastos com o gabinete.
Adequações
Por outro lado, o líder do governo na Assembleia, deputado Júnior Mochi (PMDB), avalia ser possível se readequar à mudança. “O correto é seguir a regra salarial de todos os cidadãos”, defendeu. Para ele, “dá para viver” com o salário de parlamentar.
Outro defensor de adequações é o deputado Cabo Almi (PT). “A classe política passa por mudanças e o que a sociedade reprime deve ser banido” ponderou.
Ele, no entanto, destacou a necessidade de a sociedade também se adaptar. “Hoje o assistencialismo é feito de forma diferente, com o apoio do Executivo em programas como Bolsa Família e Vale Renda e a sociedade precisa entender que essa não é a função do parlamentar”, comentou. “Nós estamos aqui para fazer leis e fiscalizar”, emendou.
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