BC rastreia crédito fora do balanço dos bancos

O Banco Central (BC) começou a rastrear as operações de crédito que os bancos mantêm fora de seus balanços a partir deste ano. A constatação da autoridade foi que os empréstimos vinham sendo tratados de forma menos rigorosa quanto ao risco de inadimplência quando estavam fora dos livros, o que implica risco para o sistema […]

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O Banco Central (BC) começou a rastrear as operações de crédito que os bancos mantêm fora de seus balanços a partir deste ano. A constatação da autoridade foi que os empréstimos vinham sendo tratados de forma menos rigorosa quanto ao risco de inadimplência quando estavam fora dos livros, o que implica risco para o sistema financeiro. Eram bilhões que escapavam da supervisão. No Banco Morada, a venda de créditos podres para uma empresa não financeira controlada pelos mesmos donos do banco foi um dos fatores que levaram à liquidação da instituição.

Alguns bancos carregam parcelas significativas de suas carteiras de crédito em fundos de investimento ou vendem empréstimos para companhias que não têm obrigação de prestar informações ao BC. O Cruzeiro do Sul, especializado em crédito consignado, por exemplo, carrega quase 100% da sua carteira em fundos de direitos creditórios – cerca de R$ 8 bilhões.

O recado já foi dado pelo BC às instituições em 2011. A partir deste ano, a autoridade exige mensalmente um detalhamento das operações que estão fora do balanço, como nome do tomador do empréstimo, o risco atribuído, parcelas não pagas e taxas cobradas. De posse dessas informações, o BC cruza o risco entre os empréstimos acima de R$ 1 mil que estão dentro e fora de balanço, exigindo de bancos e fundos o mesmo tratamento em termos de provisão. É um trabalho conjunto, unindo Banco Central e Comissão de Valores Mobiliários. “É fundamental trazer esses dados para dentro de um ambiente de maior controle e transparência”, diz Carlos Donizeti Macedo Maia, chefe do Departamento de Supervisão de Bancos do BC.

Cruzeiro do Sul, Votorantim e Bicbanco já informaram nos balanços do fim de 2011 que se anteciparam às regras, tornando as provisões para os créditos em fundos mais rigorosas. A consequência foi um salto nas despesas para créditos duvidosos, com impacto direto nos resultados.

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