Valor da casa financiada triplica em sete anos

O valor médio dos financiamentos com recursos da poupança saltou de R$ 40,5 mil para R$ 136,2 mil entre 2003 e 2011, de acordo com a Caixa Econômica Federal. Esse avanço significa que triplicou a quantidade de grana que o brasileiro pegou emprestada para conseguir comprar a casa própria. O dinheiro vem do SBPE (Sistema […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

O valor médio dos financiamentos com recursos da poupança saltou de R$ 40,5 mil para R$ 136,2 mil entre 2003 e 2011, de acordo com a Caixa Econômica Federal. Esse avanço significa que triplicou a quantidade de grana que o brasileiro pegou emprestada para conseguir comprar a casa própria.

O dinheiro vem do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos), que tem como destino as famílias que ganham mais de R$ 4.900 por mês e pretendem comprar imóveis com valor de mercado entre R$ 170 mil e R$ 500 mil.

Nesse mesmo período, o valor médio dos financiamentos com o dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), que se destina às famílias que ganham até R$ 4.900 por mês e imóveis de até R$ 170 mil, saltou de R$ 25 mil para R$ 63,9 mil – um aumento de 155,6% -, segundo os dados da Caixa.

O superintendente regional do banco em São Paulo, Valter Nunes, explica que os aumentos do valor do financiamento vinham ocorrendo ao longo dos anos, mas o boom imobiliário de 2007 foi decisivo para elevar o montante dos empréstimos nos anos seguintes.

– Até 2007, a curva de crescimento era bem pequena. A partir de 2007, com o incremento da habitação na região metropolitana, houve um encarecimento do terreno, e os patamares de crescimento de 3% a 4% passaram a ser de 8% a 9%. A expectativa é que esse valor se mantenha, mas, mais importante que o aumento desse valor, é a tranquilidade que a Caixa tem na cota de financiamento [que é o percentual do preço do imóvel que o banco efetivamente empresta].

No caso dos recursos da poupança, a Caixa financia até 90% do valor de mercado do imóvel. Por outro lado, quando se usa a grana do FGTS para financiar a casa própria, o banco estatal oferece até 100% do preço da moradia.

A Caixa, no entanto, possui médias percentuais mais modestas que as oferecidas no papel. O banco empresta, em média, 68% do valor do imóvel no caso de empréstimos feitos com o uso do SBPE, e 71% no caso dos financiamentos com a grana do FGTS.

Financiamento maior, imóvel mais caro

O comportamento dos empréstimos para a compra da casa própria no Brasil reflete a alta dos preços da habitação no país, valorizados, sobretudo, com a localização do imóvel e a infinidade de serviços disponíveis para o morador – e embutidos no preço final.

A diretora de marketing da Construtora Plano&Plano, Adriana Cardoso, explica que os condomínios-clube – prédios com salão de beleza, churrasqueira, playground, academia, entre outros – “são facilitadores nessa nossa vida moderna”, mas admite que o valor do imóvel costuma ser maior.

– Tudo isso [as opções de lazer] depende do tamanho do terreno e que faixa de preço que quer atingir. Claro, se você tem 40 itens de lazer, você não consegue viabilizar um empreendimento para o Minha Casa Minha Vida, por exemplo [cujo valor máximo do imóvel é R$ 170 mil].

O coordenador de produtos e vendas da Construtora MRV, Leandro Araújo, afirma que a empresa consegue diluir os custos com esses serviços no preço final do cliente, mas reconhece que o valor dos terrenos está levando os imóveis para a periferia das grandes cidades.

– Hoje nós temos esse efeito do preço alto do terreno, principalmente no centro, mas a gente trabalha bastante na região metropolitana. Fugir do centro é uma alternativa para fazer moradias mais baratas.

O superintendente da Caixa em São Paulo afirma que a quantidade de serviços oferecidos pode interferir no preço final do imóvel, mas lembra que esse tipo de moradia tem como foco as famílias com maior poder aquisitivo, embora a classe média tenha cada vez mais acesso a esse tipo de casa.

– Os empreendimentos-clube, muito lançados aqui em São Paulo, pegam as classes mais altas. A classe mais baixa agora que começa a ter alguns elementos para comprar um imóvel um pouco melhor.

Conteúdos relacionados