Ela foi levada para o hospital já desacordada; a mãe foi trabalhar enquanto a menina era socorrida pelo marido, também acusado de agressor

Exame necroscópico concluído nesta terça-feira indica que a garotinha Rafaela Dutra de Oliveira, 3, morta no domingo por volta das 7h30 minutos na Santa Casa de Campo Grande, sofreu graves agressões, principalmente na cabeça, entre 12 e 36 horas antes de levada para o hospital. Pior: depoimentos de ao menos 12 testemunhas indicam que a menininha apanhava da mãe dela Renata Dutra de Oliveira, 22 e do padrasto, Handerson Ferreira, 25, já detidos no mesmo da morte da criança. O casal seria dependente químico.

Note trecho do laudo pericial preparado pelo IML (Instituto Médico Legal) acerca da tragédia, divulgado hoje pela assessoria de imprensa da Polícia Civil: “Rafaela sofreu Lesão Cerebral Gravíssima Letal – Traumatismo Crânio Encefálico – em virtude de contusões provocadas por agente contuso nas regiões da cabeça, membros e abdômen”.

A chefe da DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), Regina Márcia Mota, que conduz o inquérito, presume que a criança tenha sido surrada com socos pelos pais.

E isso já ocorria bem antes da morte da criança. No dia 10 de fevereiro, por exemplo, um boletim de ocorrência registrado na DEPCA, já indicava que a criança sofria maus tratos dentro de casa, no bairro Amambai.

Mãe e padrasto eram investigados pelo crime, embora ainda sob a guarda de Rafaela.

De acordo com a delegada, a menina sofreu espancamento por todo o corpo e agonizado até ser levada para o hospital, já desmaiada.

“Mesmo diante do quadro de sofrimento da criança, esta somente foi levada para o hospital quando já se encontrava desacordada, pouco antes de sua morte”, diz um trecho do comunicado da assessoria de imprensa da Polícia Civil.

A delegada disse ter achado na casa vestígios de vômito e fezes da criança, indícios de que a menina sofreu bem antes de morrer no hospital.

O caso

Domingo passado, logo pela manhã, por volta das 7 horas, a menina foi levado para a Santa Casa. Handerson, o padrasto, teria ido até uma padaria onde Renata, a mãe, trabalhava de balconista. Ele, desempregado e sem profissão definida, disse a ela que a criança estava passando mal.

O casal retornou para a casa e a mulher disse ao marido que procurasse ajuda de um vizinho com carro para conduzir Rafaela ao hospital. E a balconista retornou para a padaria como “se nada tivesse acontecido”, segundo a delegada Regina Mota. Meia hora depois a criança morreu no hospital.

Tanto o padrasto quanto a mãe tentaram dizer a polícia depois que a criança tinha caído numa banheira da casa, versão não acatada logo de início.

Os dois foram detidos e podem responder por maus tratos seguido de morte, e também por homicídio, crimes que podem motivar a pena máxima, isto é, 30 anos de prisão para cada um dos implicados. A casa onde morava a criança, segundo testemunhas, era frequentada por consumidores de droga.