As judocas de , Benilce Araújo e Michele Ferreira, que integram a de Judô, já estão em para o Grand Prix — evento inédito no Brasil, nos dias 2 e 3 de julho. Elas já fizeram o primeiro treino na quarta-feira (29).

Segundo o CBDV (Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais), os judocas fizeram uma leve corrida pelo tatame antes de iniciar movimentos de pegada e de entradas de golpes. Segundo o técnico Alexandre Garcia, o aspecto emocional do treino é essencial.

“O mais importante nesse momento é tirar essa ansiedade pré-competição e tentar colocar em prática o que eles vêm treinando. Já sabem da maioria dos adversários, então, tentamos simular um pouco do que pode acontecer na competição”, explica.

Conheça as judocas de MS

Benilce compete na categoria 57 kg, na classe J1 – de cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância. Ela faz parte do Ismac (Instituto Sul Matogrossense para Cegos Florivaldo Vargas)

Já Michele Ferreira luta na categoria 70 kg, classe J2 – de judocas que conseguem definir imagens. A medalhista paraolímpica integra a AJCS (Associação de Judô Caminho Suave), também de Campo Grande.

Primeira competição de Benilce

Benilce, que é natural de Mato Grosso, mas leva MS no coração, disputará a primeira competição internacional pela Seleção. “Não consigo nem dizer o quanto estou feliz e agradecida pela oportunidade. É algo que não esperava que fosse acontecer mais”, explica a atleta, que chegou a ser tricampeã brasileira de goalball antes de ingressar no judô, em 2009.

O sonho de qualquer atleta é servir a Seleção. E aqui em casa, então, é maravilhoso. Não sei se isto me deixará mais nervosa ou não, porque nunca participei de uma competição internacional. O que sei é que a entrega será total”, garante a atleta, que nasceu com glaucoma congênito.

Michelle busca recomeço

Duas vezes medalhista paralímpica (bronze em Pequim 2008 e 2012), a sul-mato-grossense Michele Ferreira está de volta à Seleção ainda se readaptando às mudanças de regras da modalidade que entraram em vigor este ano. Também lutando na categoria até 70 kg, mas da classe J2 (baixa visão), a judoca de 37 anos encara o Grand Prix de São Paulo como um recomeço.

“Vai ser uma experiência totalmente diferente. Nas três Paralimpíadas, competi em uma categoria bem abaixo, até 52 kg. Depois, fui para a até 63 kg, e as duas acabaram extintas”, explica a atleta, que também participou da Rio 2016 – ficou na quinta colocação. “Será uma novidade para mim, tanto de categoria quanto de volta após lesão, já que rompi o ligamento do joelho”, completa.

Michelle recebe instruções do técnico Jaime Bragança, da Seleção, no treino (Foto: Divulgação/CBDV)

Gran Prix inédito

O CT (Centro de Treinamento) irá receber cerca de 90 judocas de 21 países para a disputa. Ao todo, o Brasil será representado por 23 atletas, entre eles, as medalhistas de bronze nos Jogos de Tóquio, Lúcia Araújo e Meg Emmerich, e Antônio Tenório, que subiu seis vezes ao pódio em sete edições de Jogos Paralímpicos.

Esta é a terceira e última etapa do circuito da IBSA (sigla em Federação Internacional de Esportes para Cegos) em 2022. Eles são importantes porque valem pontos no ranking mundial, que serve como base para a definição dos judocas classificados aos Jogos Paralímpicos.

Seleção Brasileira de judocas foi campeã nas duas edições do Grand Prix em 2022. Na Turquia, a equipe conquistou oito medalhas no total: seis ouros, uma prata e um bronze. Já no Cazaquistão, foram 12 pódios: cinco ouros, três pratas e quatro bronzes.

A competição é aberta ao público e terá transmissão ao vivo tanto no Youtube da CBDV, neste link, quanto no da IBSA, clicando aqui.