Mal de Parkinson de Ali foi consequência do boxe, dizem especialistas
Estudos afirmam que esportes como boxe alteram bom funcionamento do cérebro
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Estudos afirmam que esportes como boxe alteram bom funcionamento do cérebro
O mal de Parkinson, transtorno neurológico responsável pela morte do boxeador Muhammad Ali, foi o resultado de uma carreira de mais de três décadas no esporte, segundo especialistas. “Hoje nós sabemos que golpes repetidos alteram as células nervosas, especialmente em um cérebro que não descansou”, disse Andre Monroche, chefe da comissão médica da Federação Francesa de Esportes de Contato.
Ali foi diagnosticado com Parkinson em 1984, aos 42 anos, três anos depois de ter se aposentado. Na época, especialistas falaram de “demência pugilística”, também conhecida como “síndrome do pugilista”, para descrever os danos cerebrais observados em esportistas que acumulam múltiplos impactos violentos ao longo de suas carreiras.
Os golpes recebidos durante a carreira também são responsáveis pelo estado atual de Eder Jofre, o maior pugilista brasileiro de todos os tempos, que sofre de encefalopatia traumática crônica, como revelou VEJA.
Diversos estudos médicos alertaram sobre as consequências do boxe e de outros esportes nos quais a cabeça recebe impactos frequentes. Um estudo da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, por exemplo, escaneou os cérebros de 42 boxeadores e de 37 não-boxeadores.
Foram encontradas “micro-hemorragias” nos cérebros de três dos pugilistas provavelmente resultado do forte impacto dos golpes nos ringues. “Essas alterações são prováveis precursoras de danos cerebrais mais graves, como a doença de Parkinson ou a demência”, disseram os autores do estudo.
Já um estudo conduzido por Jean-François Cherman,neurologista no Leopold Bellan Hospital, em Paris, afirma que cerca de 30% dos pugilistas desenvolvem dificuldades neurológicas após a carreira.
Os nocautes são apenas a ponta do iceberg quando se trata de ferimentos na cabeça sofridos em uma gama de esportes, como o rúgbi, o hóquei no gelo, o esqui, o judô e o hipismo.Em 2013, uma pesquisa publicada na revista Scientific Reports revelou “anormalidades profundas” na atividade cerebral de jogadores de futebol americano aposentados.
No mesmo ano, o rúgbi francês tomou uma iniciativa em relação ao problema, introduzindo monitoramento neurológico para jogadores profissionais. Nos Estados Unidos, jogadores de futebol americano e de hóquei no gelo também são observados de perto em caso de ferimentos na cabeça.
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