Na busca incansável por emprego, vale até virar ‘produto’ em site de vendas
Estratégia é interessante, mas candidatas já sofreram assédio
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Estratégia é interessante, mas candidatas já sofreram assédio
A maratona para se conseguir um emprego ultrapassou a simples entrega de currículo ou anúncio em classificados de jornal impresso. Na sociedade superconectada, vale aquele ditado: ‘o artista vai onde o público está’. Dessa forma, a falta de oportunidade transformou o desemprego em tema de anúncio em site de vendas, num contexto em que a busca implacável por uma vaga de trabalho só engrossa o número de publicações.
É o que acontece, por exemplo, no OLX, atualmente o mais site de anúncios gratuitos do país (quiçá do mundo). Basta uma simples busca para constatar dezenas de pessoas que arriscam a sorte e oferecem suas habilidades em troca de um salário. Tem de tudo: de motoristas, caseiros a babás e até vagas para candidatos com graduação. Duvida? Faça uma busca!
De fato, o site surpreende, porque além da compra e venda de móveis, carros, casas e outros objetos, ele também possui seções para pessoas anunciarem serviços, o que atende bem a realidade dos candidatos que recorrem ao OLX, já que muitas vezes, a dificuldade do candidato em se deslocar a uma agência pública de empregos está na própria situação financeira, que impossibilita pagar os R$ 3,25 para sair do bairro até o centro. É o caso de Talita Albuquerque, de 24 anos, desempregada há alguns meses. Com aluguel atrasado de um imóvel no Loteamento Cristo Redentor, ela recorreu à facilidade do on-line para se autoanunciar.
“Mesmo sem saber se alguém já havia conseguido uma vaga decidi baixar o aplicativo. Meu marido trabalha em uma usina de concreto, mas temos um filho de 3 anos e ainda tem o aluguel para pagar. Tenho me virado vendendo produtos de revistas, mas um emprego seria ideal”, disse, a jovem que busca uma oportunidade como doméstica e anuncia no OLX.
A mesma situação é enfrentada por Eveline Souza, de 26 anos, que mora na região central de Campo Grande. Desempregada há três meses e mesmo com experiência, ela não consegue emprego. A rotina de entrega de currículos acontece diariamente, mas um anúncio no site de vendas também foi uma escolha com a pilha de boletos atrasados em casa.
“Eu digo que está difícil conseguir emprego, pois outras pessoas estão na mesma condição que eu. Se fossem poucas pessoas tudo bem, mas não é. Quando vi aquele monte de anúncios no site, perguntei para eu mesma: por que não? Foi então que fiz um anúncio e agora fico na esperança de alguém vê-lo”, disse, a jovem, que busca uma vaga como vendedora ou recepcionista.
Tiro pela culatra
A estratégia de anunciar o pedido de vaga pode até funcionar, mas expor dados e a própria imagem pode ser um tiro que sai pela culatra. Antes de conseguir o emprego, um anúncio de Aline Alves, de 24 anos, resultou em dois processos judiciais. Na descrição da publicação, a jovem buscava uma oportunidade de emprego, mas passou a receber propostas sexuais.
O anúncio de Aline estava publicado com o seguinte texto: “Olá tenho 24 anos tenho superior incompleto tenho experiência com vendas, atendente de balcão, ,atendente telemarketing, operadora de caixa, e ja fui gerente de lan house. Tenho experiência como babá também auxiliar de cozinha. Dispenso engraçadinhos o anúncio é pra emprego e não pra fazer amizades. Desde já agradeço (sic)”.
Qualificação
É fato que, com a crise na economia, a geração de empregos caiu. Mas, fica a pergunta: falta vaga ou candidato qualificado? Segundo a cordenadora da Keeper Assessoria de Recursos Humanos, Gilce Figueiredo, existe uma balança para este questionamento. Segundo ela, as próprias empresas reduziram o número de funcionários e neste processo o candidato ‘meia boca’ fica de fora.
“Hoje em dia, existem as duas coisas, falta emprego, mas também falta candidato. Nas empresas, por exemplo, um funcionário acaba fazendo o trabalho de dois a três e quando uma vaga é aberta, a qualificação de outro candidato precisa estar acima da média. Outro problema é a criação de rotatividade, quando um candidato não tão bom, assume a vaga, mas não permanece por muito tempo empregado e logo a mesma vaga fica disponível novamente”, explica Gilce.
Segundo a especialista, entre as alternativas encontradas pelas empresas também está a contratação por indicação, ou seja, um candidato que poderia ser contratado, perde a vaga para um “conhecido” do empregador.
Oportunidades
Em Campo Grande, duas agências públicas de emprego funcionam diariamente e dispõem de vagas. A Agência FUNSAT (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande), localizada na Avenida Eduardo Elias Zahran, 1581, Jardim TV Morena, fica aberta de segunda a sexta-feira, das 07h às 18h. Além das oportunidades na unidade e no site, a agência também realiza os serviços de emissão de Carteira de Trabalho, habilitação ao Seguro Desemprego; Microcrédito a pequenos empreendedores e informações sobre qualificação profissional e vagas para Pessoas com Deficiência.
Já a Agência Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul), localizada na Rua 13 de maio, 2773 – Centro, fica aberta de segunda a sexta-feira, das 7 às 13 horas. Lá, todos os cadastros são presenciais, o que necessida do deslocamento do candidato até à unidade. As vagas de empregos são rotativas, podem ser preenchidas a qualquer momento, sem prévio aviso. Segundo a fundação, é aconselhável comparecer à unidade, pois outras vagas podem ser oferecidas de acordo com o cadastro.
(Texto com supervisão de Guilherme Cavalcante)
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