Espaço para pouso de aeronave se transforma apenas na tampa da caixa d’agua e veda sonho de 34 anos

A construção iniciou em 1981, como projeto da Wajdi Ibraim Construção e Empreendimentos LTDA, tendo sido concluída dez anos depois, para simbolizar um marco da pujança econômica de Mato Grosso do Sul. Uma referência disso foi a instalação na cobertura do prédio (com 18 andares) de uma proposta de heliporto, que acabou depois nunca recebendo uma aeronave. Sequer uma licença para espaço de pouso foi retirada pelo condomínio, sendo que hoje o heliporto do Centro Comercial Campo Grande perdeu a marcação foi vedado e se transformou apenas no teto da caixa d’agua. 

Localizado na Rua 13 de maio, nº 2.500, no Centro da Capital, entre a Avenida Afonso Pena e a Rua Barão do Rio Branco, o edifício possui 144 salas comerciais e duas lojas. Em toda a sua história, o máximo que chegou a sua taxa de ocupação foi de 90%, época que o local tinha grande procura para a instalação de escritórios de financeiras, advocatícios e de agropecuárias. O marketing para divulgação, além da atividade promocional imobiliária entre 1990 e 1991, contou com uma ajuda extra em rede nacional.

 No início dos Anos 90, a novela Pantanal, da Rede Manchete, mostrava um Mato Grosso do Sul com dinamismo empresarial no agronegócio, em que uma das personagens centrais da trama, o pecuarista José Leôncio (vivido por Cláudio Marzo) passava por constantes viagens entre a sua fazenda, Campo Grande e São Paulo. Ele tinha o seu próprio avião e mostrava regularmente como prioridade o acompanhamento de perto das suas finanças. Qualquer correlação entre a iniciativa de se criar um heliporto na cobertura do edifício (o único em Campo Grande), e o impacto que do folhetim trouxe à classe pecuarista em Campo Grande na época é ainda uma mera coincidência.

“No auge do empreendimento tínhamos aqui ocupando um andar inteiro o Banco do Brasil, em outro por exemplo, a Geap, que foi no início da década de 90 uma das maiores seguradoras de Saúde do País, além de outras tantas empresas que fizeram o Centro Comercial Campo Grande ter uma taxa de ocupação em 90% das salas. Haviam muitos advogados ocupando salas e escritórios de agronegócio, gêneros de locatários que diminuíram com o tempo e o lançamento de outros prédios”, explica o administrador do condomínio, Evandro Carlos, há 17 anos na função, quando ingressou com apenas 19 anos de idade.
 
Atualmente o Centro Comercial Campo Grande está com apenas 60% da sua taxa de ocupação das salas comerciais e apenas uma das duas lojas do sobrepiso locadas, justamente a que já cedeu lugar a instalações do Banco Nacional (aquele que aparecia no boné do Ayrton Senna – lembra Evandro). A média de preço para o aluguel de uma sala comercial no edifício é de R$ 1.250.
 
“Existe ainda o interesse no Centro Comercial Campo Grande pela sua localização no Centro da Capital. Outro fator que influencia é a segurança de se estar em um espaço com zelador, acesso restrito, o que ajuda na privacidade das instalações. O surgimento de outros prédios mais modernos e o crescimento da Capital fez com que surgissem outras opções, algo que impactou de certa forma no número de inquilinos deste edifício”, explica ainda Evandro, que juntamente com o zelador Márcio José Dias, é um dos funcionários mais antigos do condomínio. Ao todo trabalham para a administradora 14 colaboradores, praticamente o mesmo número de 22 anos atrás, quando eram 16 funcionários. 

Das empresas que utilizam o edifício para suas operações, a maioria é do segmento das financeiras. Sandiele Martinez, Leonardo Rodrigues e Victor Santiago são consultores de uma financeira e acham que o ponto de localização do Centro Comercial Campo Grande é a sua principal vantagem. “É perto de tudo e facilita a captação de clientes. Acredito que seja por isso que empresas do ramo em que eu trabalho escolham muito ter sede nesse edifício”, fala Sandiele. 

*Confira a galeria de fotos da reportagem e veja a vista da cobertura do prédio de 18 andares, onde ficava o heliporto