Dólar cai pelo quarto pregão seguido e acumula perda de 2,83% na semana
Após trabalhar em alta na maior parte da manhã e no início da tarde, acompanhando a onda de valorização da moeda americana no exterior, o dólar perdeu força nas duas últimas horas do pregão e emendou nesta sexta-feira, 14, a quarta sessão seguida de baixa. Operadores atribuíram a nova rodada de apreciação do real a […]
Agência Estado –
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Após trabalhar em alta na maior parte da manhã e no início da tarde, acompanhando a onda de valorização da moeda americana no exterior, o dólar perdeu força nas duas últimas horas do pregão e emendou nesta sexta-feira, 14, a quarta sessão seguida de baixa. Operadores atribuíram a nova rodada de apreciação do real a fatores técnicos, com forte pressão vendedora no mercado futuro, em especial de estrangeiros, que deram continuidade hoje ao movimento de desmonte de posições cambiais defensivas visto nos últimos dias.
Entre mínima a R$ 5,8934 e máxima a R$ 4,9646, a moeda encerrou o dia em queda de 0,23%, cotada a R$ 4,9151 – menor valor de fechamento desde 8 de junho de 2022 (R$ 4,8901). A divisa encerra a semana com perda de 2,83%, o que levou a desvalorização acumulada em abril para 3,03%. No ano, o dólar recua 6,91%. Principal termômetro do apetite por negócios e veículo de apostas e montagem de hedge (proteção),
O real, ao lado do peso colombiano, foi a única moeda relevante entre emergentes e de países exportadores de commodities a escapar do movimento global de fortalecimento da moeda americana, em dia marcado por aumento das apostas em alta de 25 pontos-base na taxa básica de juros americana em maio e correção dos ativos de risco, após piora das expectativas de inflação nos EUA e fala dura de dirigente do Federal Reserve (Fed, o BC americano).
Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, em especial o euro e o iene, o índice DXY operou em alta firme, e voltou a superar os 101,500 pontos. Na semana, contudo, o Dollar Index recuou cerca de 0,50%. A taxa do Treasuries de 2 anos, mais ligada a perspectiva para o rumos dos FedFunds, subiu quase 3% e tocou 4,14% na máxima.
Apesar de sinais de arrefecimento da inflação revelados pelo índice de preços ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) divulgados nesta semana, o diretor do Federal Reserve Christopher Waller disse hoje que a política monetária precisará continuar apertada por tempo considerável. Na CME, as apostas de alta dos juros em 25 pontos-base em maio subiram da casa de 70% para mais de 85%. As estimativas ainda são, contudo. de redução dos juros ao longo do segundo semestre.
“Tivemos dados importantes dos EUA hoje, com aumento das expectativas de inflação, e o mercado lá fora piorou bastante. O real chegou a piorar com dólar mais forte no mundo, mas acabou se comportamento muito bem. Vimos um ‘player’ vendendo com força no mercado futuro. Os estrangeiros dão sequência ao desmonte de posições de hedge”, afirma o sócio e gestor da Armor Capital Bruno Martins, para quem ainda há espaço para mais uma rodada de apreciação do real.
Por aqui, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse hoje à rádio CBN que a proposta de novo arcabouço fiscal será enviado ao Congresso Nacional na segunda-feira, 17. Em Pequim, onde acompanha o presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que conversou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre seus prognósticos de como as medidas fiscais seriam recebidas no Congresso e ficou otimista. “Penso que vamos ter boas notícias daqui para a frente”, afirmou Haddad, para quem, se o governo for bem sucedido na política econômica, o real tende a se valorizar.
O diretor de investimentos da Nomad, Celso Pereira, observa que a semana trouxe alívio da inflação aqui, com desaceleração do IPCA de março, e nos Estados Unidos, o que acabou favorecendo o real. O fortalecimento global da moeda americana hoje, após indicadores mistos da economia colocarem em dúvida o fim iminente do aperto monetário pelo Fed, acenderam um sinal de alerta e lançam dúvidas sobre continuidade do movimento global de baixa do dólar.
“Aqui, o arcabouço fiscal teve boa recepção pelo mercado. Mas ainda há incertezas. É preciso ver o texto que vai ser apresentado na segunda-feira e como vai ser o andamento no Congresso. Além disso, existe uma pressão por parte do PT para um projeto mais generoso do lado dos investimentos. Isso tem bastante potencial para mexer com o câmbio”, afirma Pereira, que vê chances de um retorno do dólar para a casa de R$ 5,00.
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