Prepare o bolso: reajuste do diesel deve provocar nova alta de preços ao consumidor em MS

Reajuste de 8,87%, que significa R$ 0,40 no preço do litro do combustível, gera muitos impactos e todos serão sentidos pelo consumidor final

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Reajuste
Foto: Arquivo Midiamax

O reajuste de 8,87% no óleo diesel — que em dinheiro implica R$ 0,40 a mais por cada litro — terá impactos significativos em todas as cadeias produtivas e vai desencadear uma série de aumento de custos nos mais variados tipos de produtos em Mato Grosso do Sul.

Isso porque, no Estado, o modal logístico mais utilizado é o rodoviário, assim como em todo o país. E como a economia já está sob pressão inflacionária acumulada em dois dígitos, ou seja, acima dos 10%, os repasses de preços deverão ser quase que instantâneos.

Se de um lado o governo federal, via Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, anunciou o aumento da taxa para 12,75% na última semana — e pela 10ª vez consecutiva —, com o objetivo de desacelerar a economia, inibir o consumo e impedir a elevação da inflação, agora toda a estratégia vai por água abaixo, porque permitindo a escalada do preço do óleo diesel, a porteira fica escancarada para outros preços de produtos que são transportados — nas rodovias — por caminhões, cujos tanques são alimentados por um dos subprodutos mais importantes do ouro negro — petróleo — utilizados no mundo: o óleo diesel.

Vale lembrar que, a partir do aumento, o preço médio no atacado, ou nas refinarias, que era de R$ 4,51, passará para R$ 4,91.

Culpa da precificação

O gerente executivo do Sinpetro MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência de Mato Grosso do Sul), Edson Lazarotto, afirmou ao Jornal Midiamax que o mercado brasileiro é precificado pela flutuação do dólar e a oscilação do preço internacional do barril de petróleo.

“Como estes componentes estão em alta e, de certa forma, majorados em relação à nossa economia, a Petrobras se viu na obrigatoriedade de elevar esses valores. É a manutenção da política econômica estabelecida pelo governo [federal]. Se dólar e o preço do barril estivessem em baixa, a realidade seria outra e caso essa realidade de elevações persista, não estão descartados novos reajustes”, explicou Lazarotto.

Para a economista da Fecomércio MS (Federação do Comércio e Serviços de Mato Grosso do Sul), Regiane Dedé de Oliveira, esse aumento vem em um momento complicado para a economia brasileira, que se encontra mergulhada em um cenário inflacionário, de desemprego elevado e de corrosão salarial.

“Infelizmente, esse aumento vai impactar toda a cadeia produtiva. Não ficará restrito aos postos de combustíveis e ainda terá um efeito multiplicador desagradável nos fretes dos mais variados produtos, incluindo até tarifas de transporte urbano”, destaca.

Oliveira também detalha que o aumento complica a situação do empresário, já sobrecarregado de despesas, e que “dificilmente conseguirá manter os preços por muito tempo. Esse aumento vai enfraquecer a economia”, avalia.

Reajuste do óleo diesel é justificado pela Petrobras

Em nota, a Petrobras justificou-se informando que esse aumento foi necessário porque o balanço global do óleo diesel está sendo impacto por uma redução de oferta e um aumento de demanda.

Segundo a empresa, os estoques globais estão reduzidos e abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões supridoras e esse desequilíbrio resultou na elevação dos preços de diesel no mundo inteiro, com a valorização deste combustível muito acima da valorização do petróleo.

“A diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta. No Brasil, as refinarias estão operando próximo ao nível máximo, mas o refino nacional não tem capacidade de atender a toda a demanda do país”, informou a Petrobras em nota divulgada à imprensa.

Caminhoneiros se sentem acuados, mas greve não é consenso

Na última terça-feira (10), o Jornal Midiamax conversou com caminhoneiros, uma das categorias mais diretamente afetadas com a alta do diesel. A maioria dos depoimentos, colhidos em postos da BR-163, em Campo Grande, aponta que a saída encontrada para diminuir os custos — sobretudo dos caminhoneiros autônomos — é diminuir o número de viagens.

“Nós, que somos pequenos, vamos diminuir [as viagens]. O que vai acontecer: em vez de duas viagem no mês, vamos fazer uma e esperar para ver o que vai acontecer”, disse o autônomo Marcelo Peres, de 48 anos, que saiu de Corumbá e está indo em direção a Piracicaba (SP).

A reportagem lembra que, em 2018, nesta mesma época, caminhoneiros de todo o Brasil fizeram uma paralisação que durou dias contra o aumento do diesel no país. Neste ano, entretanto, a categoria não está entrando em consenso e as chances de uma nova paralisação parecem ser extremamente remotas, pelo menos, por enquanto.

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