Em ano de alta inflação, educação financeira em escolas de MS cria hábitos de equilíbrio pessoal em crianças
Especialista explica importância de ensinar sobre a educação financeira desde cedo
Karina Campos –
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A educação financeira já faz parte do currículo escolar em Mato Grosso do Sul há dois anos, com objetivo de incentivar o controle pessoal de crianças e adolescentes, período onde a pandemia de covid-19 realçou a crise econômica. A especialista no assunto, Andreia Saragoça, que é economista comportamental, educadora e planejadora financeira pessoal, explica a importância do preparo, desde cedo, em crianças sobre o conhecimento no dinheiro.
O assunto ganhou força durante a elaboração do jornal impresso de artigo financeiro na Escola Estadual Adventor Divino de Almeida, em Campo Grande, sobre a seriedade dos jovens em administrar, por exemplo, a própria mesada. Taxas de desemprego, reajustes corriqueiros no combustível, impostos altos na alimentação assustam até os adultos. Andreia explica que, por vezes, poucos assuntos causam tanta angústia e conflitos quanto o dinheiro no dia a dia.
“A inabilidade de compreender sobre o funcionamento básico da economia, os instrumentos financeiros e do dinheiro compromete a qualidade de vida da família e as evidências desses efeitos negativos se propagam de forma mais ampla, atingindo a sociedade como um todo. Diante dessa realidade, a educação financeira que, de maneira simplista, pode ser definida como a capacidade de realizarmos escolhas que nos proporcione uma vida financeira equilibrada, tornou-se um tema mais atual que nunca”, disse.
Educando o próprio bolso
Pontuando sobre a dinâmica, a responsabilidade da educação financeira abrange não apenas o próprio contribuinte, mas grande participação das escolas, instituições financeiras e empresas, simultaneamente.
“No Brasil temos leis que preveem o ensino de educação financeira em todos os níveis de poder, é possível oportunizar a oferta de Educação Financeira aos alunos nas redes e escolas. Dessa forma, a educação tem um papel fundamental ao desenvolver competência e contribuir para o desenvolvimento da cultura de planejamento, prevenção, poupança, investimento e consumo consciente”.
O que a educação financeira resulta?
A especialista ressalta que os conhecimentos adquiridos com a disciplina podem favorecer a transmissão do aprendizado pelos jovens a seus familiares e podem ajudá-los a conquistar sonhos individuais e coletivos e a protagonizar suas trajetórias de vida. Jovens financeiramente educados são mais autônomos em relação a suas finanças e menos suscetíveis a dívidas descontroladas, fraudes e situações comprometedoras que prejudiquem não só a própria qualidade de vida como a de outras pessoas.
Projeto nas escolas
Nas escolas estaduais, em parceria com a SED (Secretaria de Estado de Educação), o PEF-BC (Programa de Educação Financeira do Banco Central) desenvolve ações diretamente com os estudantes. A ideia é sintonizar as tendências e conhecimentos do mercado atual, criando habilidades socioemocionais e autocontrole da nova geração de contribuintes. Mato Grosso do Sul, inclusive, foi escolhido como um dos estados brasileiros a receber o projeto-piloto.
As crianças e adolescentes do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental estarão aprendendo conceitos sobre planejamento, poupança e uso consciente do crédito. “Como é um projeto-piloto, ele precisa ser adotado primeiramente em um grupo de controle. A partir daí, será feito um acompanhamento e avaliação”, afirma Ronaldo Vieira, chefe-adjunto do Departamento de Promoção da Cidadania Financeira do Banco Central.
O objetivo é focar em três tipos de mensagens: aprender a planejar o uso dos recursos, poupar ativamente e usar o crédito com consciência.
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