Lidar com as finanças na vida adulta não é uma tarefa fácil. Apesar disso, educar financeiramente as crianças com orientações através da mesada pode ajudar a formar um perfil de alguém que saiba se organizar economicamente no futuro, garantem especialistas em Mato Grosso do Sul.

A economista especialista em planejamento de finanças pessoais, Andreia Zaragoça, diz que os pais devem repassar para os filhos os exemplos financeiros e incluí-los na realidade financeira.

“Quando eu faço a consultoria de um casal, falamos sobre objetivos de vida, sejam viagens, reserva financeira, aposentadoria, e levar isso para os pequenos passa essa nova realidade da vida. O casal pode passar para o filho o que está acontecendo financeiramente para ele entender que são diariamente tomadas decisões”, explica.

A especialista afirma que é importante mostrar para a que a educação financeira pode levá-la a conquistar os seus objetivos, sabendo lidar com o dinheiro além do papel desde cedo. 

“Por exemplo, explicar para ele a não gastar luz a mais, a não jogar frutas fora, a não desperdiçar e, durante as compras no supermercado, comprar somente o necessário, que está na lista de compras. Então, a educação financeira é boa, principalmente para dar o exemplo. Costumam dizer que só aprendemos a lidar com dinheiro depois que a gente cresce, por isso a ideia é trabalhar isso desde cedo com os filhos”, disse Andreia.

Em relação à mesada, aquela quantia no início do mês, repassada para a criança, a economista comenta que os pais podem avaliar fornecer uma quantia semanal. 

“É importante analisar que a percepção de tempo para a criança é diferente da de um adulto. Uma semana para eles, é como se fosse um mês. Então, talvez trabalhar com uma semanada, com um tempo mais curto, seria ideal. Até a criança especificar o quanto ela quer na semana e então com os pais definir esses valores. É muito interessante trabalhar as questões financeiras com crianças”, explica.

A mesada na análise psicológica

Aprender a lidar com o dinheiro desde cedo faz bem para que a criança se torne um adulto responsável financeiramente. Além da análise positiva da economia, fornecer a mesada aos filhos é importante para o desenvolvimento psicológico.

A psicóloga Ceres Mota Duarte, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e Delegada Estadual da FBTC (Federação Brasileira de Terapias Cognitivas), existem poucos estudos que relacionem parental no contexto da mesada, mas que do ponto de vista da psicologia sabe-se que os adultos são fortes influenciadores do comportamento da criança e isso não diferiria falando em questão financeira. 

“A mesada é um assunto relevante no campo da psicologia do desenvolvimento e também em psicologia econômica, isto porque é um assunto que tem repercussões na educação econômica das crianças e no seu desenvolvimento”, disse.

A psicóloga explica que os pais devem se atentar sobre a forma que utilizam a mesada na vida dos filhos, como, por exemplo, não é a utilizando como prêmio ou punição, pois isso às vezes é comum acontecer.

“Se [a mesada] for realizada de uma forma em que o objetivo é iniciar uma educação financeira, onde há diálogo e trocas sobre o assunto, sendo bem conduzido pode favorecer a criança nessa aprendizagem do mundo econômico e financeiro”, finaliza a especialista.

Mesada desde criança

Recebendo uma mesada de R$ 400, Giovanna Soriano, de 16 anos, já tem até uma reserva econômica. A mãe, Elizabete Soriano, de 43 anos, conta que iniciou o fornecimento da mesada à filha quando ela tinha 7 anos e que hoje a filha sabe administrar a mesada e, se tem um objetivo, economiza para comprar.

“Decidimos começar a dar a mesada quando ela iniciou o ensino fundamental. Queria comprar lanche na escola, queria comprar algumas coisas que via no mercado e resolvemos começar dando R$ 120. Explicamos que aquele dinheiro era o que ela teria para o mês. Era o suficiente para comprar o lanche na época e ainda poderia sobrar. Notamos que ela foi bem no primeiro mês e mantemos”, comentou.

Giovanna hoje disse que usa a mesada para sair com as amigas da escola, compra o que comer na escola e ainda sobra. O objetivo agora é um celular novo. “Estou juntando, se eu quiser comprar tenho que garantir pelo menos um bom valor de entrada. Aí minha mãe parcela o restante para mim”, diz.