Com dúvida no Fies, alunos reclamam de preços da Uniderp e falam em desistir

Protestos denunciam ‘escalada’ nos preços da Uniderp-Anhanguera

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Protestos denunciam ‘escalada’ nos preços da Uniderp-Anhanguera

Quando Daniel Garcia,de 20 anos ingressou no curso de Matemática na Anhanguera Uniderp, o preço da mensalidade era de R$ 288. Hoje é R$ 496. Parcela que ele não desembolsa por contar com o financiamento estudantil do governo federal (Fies). Assim como ele, centenas de jovens matriculados na universidade particular dependem do programa para continuar os estudos superiores.

Daniel até já teve de parar por um ano e agora, enquadrado em outra grade da instituição, terá de eliminar matérias paulatinamente ao longo de três anos e depende do Fies. Sem o financiamento público, o acadêmico, que mora com a mãe, diz que poderia até continuar, mas confessa que teria dificuldades. “Se as parcelas do semestre fossem aumentando como estão, fica impossível”.

Só no histórico entre a primeira matrícula e 2015 há conforme os números passados por ele uma alta de 72%. Entre 2013 e 2015, a inflação acumulada foi de 12,78% no IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo). É justamente essa discrepância que fez o governo federal rever as regras do Fies, e assumir o controle da oferta dos contratos.

Na nova configuração, um número predefinido dos contratos, sejam de adesão ou aditamento, serão distribuídos de acordo com critérios como a qualidade do curso e da instituição. A lógica seguirá a linha do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que determina o ingresso para as entidades de Ensino Superior. Estima-se que dois milhões de alunos em todo o país disponham dessa modalidade de financiamento estudantil, que custaria R$ 13,7 bilhões aos cofres públicos.

Aos 36 anos

Em 2031, Tainara Alencar, estudante de Administração vai concluir a devolução para o Estado do dinheiro investido no seu Financiamento Estudantil, com cobertura de 100% do valor da mensalidade, atualmente em R$ 700,00 conforme ela conta. A essa altura, ela terá seus 36 anos, com 15 de Mercado no status de profissional com curso superior. A retribuição ao governo federal está programada para julho de 2017 com parcelas que vão aos poucos abater o investimento de R$ 31.500 feito nela.

“Não lembro o valor que ficará a parcela. Apenas me comprometo a sempre pagar a tarifa referente aos juros, que preciso pagar no banco em cada trimestre no valor de R$ 100. O valor total que informa o meu contrato é de uma ajuda do Fies que me fará devolver R$ 31.500 depois, em parcelas até 2031 com juros de 3,4% ao ano”, explica Tainara, que já faz estágio na área.

Já Débora da Silva estuda na sala de Tainara, também cursa o 7º semestre, estando prestes a se formar, jornada que se viabilizou com uma bolsa, da própria universidade. O desconto nas mensalidades da acadêmica desde o primeiro mês tem o abatimento de 50%, ofertado graças à nota dela apresentada no ingresso ao ensino superior. “Pra mim foi um privilégio ter essa bolsa, principalmente porque me deu um desconto que não precisará ser devolvido depois. Acho que a do ProUni é também dessa maneira, que é a melhor para o aluno”, diz.

Incerteza

O melhor para a aluna de Estética, Aline Inácio, de 30 anos, seria a resolução no impasse que envolve a sua semestralidade, problema que tem a feito ir várias vezes ao DCA (Departamento Acadêmico) para realizar o aditamento do seu Fies. No entanto, problemas no sistema online do Ministério da Educação tem travado essa regularização, o que a deixa apreensiva quanto ao risco de perder o Fies e ter que arcar com as mensalidades, no valor de R$ 800. Situações como a dela tem feito o departamento lotar todos os dias na Anhanguera Uniderp.

A intituição diante do momento de turbulência, chegou a garantir aos alunos veteranos atendidos pelo Fies uma linha especial de parcelamento para o que o financiamento estudantil não cobrir. A diferença, que varia de curso para curso também pode ser quitada em boleto pelo aluno, até que a situação do financiamento estudantil seja definida, algo que pode inclusive determinar posteriormente o reembolso desse dinheiro agora pago na variação.

“Para os ingressantes que optaram pelo Fies e não conseguiram efetivar sua contratação e veteranos que tiveram a diferença gerada, a Uniderp já apresenta alternativas de parcelamento, sem acréscimo de juros, que não exigem pagamento integral imediato da mensalidade. Alunos interessados podem obter mais informações no departamento comercial da Instituição”, oferece a universidade como recurso ao momento de incerteza e crise econômica.

Apesar da ‘oferta’, entre os alunos o sentimento é de incerteza. A Uniderp é questionada pela escalada nas mensalidades até nos cursos mais caros, como Medicina, cujo pagamento mensal ultrapassa os 10 mil reais. “Caso apliquem essa lógica de mercado, vai haver uma debandada. Muita gente não aguenta pagar se não tiver o Fies”, conclui um dos alunos.

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