Com lama, tratores não chegam as lavouras e defensivos não são aplicados

O excesso de chuvas que afeta a região Sul do Estado está atrapalhando quem depende da lavoura. Os agricultores não estão conseguindo enviar os tratores para fazer a pulverização da plantação. E com as plantas úmidas, está impossível aplicar os defensivos agrícolas. Os fatores podem atrasar o escoamento da safra 2015/2016 de soja em Mato Grosso do Sul.

Há cerca de dois meses para a colheita, as lavouras continuam enfrentando muita chuva. Novembro já tinha sido o mês mais chuvoso na série histórica de 37 anos da Estação da Embrapa Agropecuária Oeste, de Dourados. E, a preocupação com a umidade do solo e água acumulada continua em dezembro.

Yoshihiro Hakamada é presidente do Sindicato Rural de Naviraí, e segundo ele as chuvas podem trazer doenças e atrapalhar a logística. “Nós plantamos há pouco e agora é preciso aplicar os defensivos mas, precisamos de sol. A planta precisa estar seca. Não estamos conseguindo chegar com as máquinas nas lavouras, o pulverizador está ficando atolado. A preocupação agora é com a intensidade de algumas doenças, como a ferrugem, porque não está sendo feito o tratamento preventivo”, afirma.

Ele deu exemplo de uma propriedade na região. “As estradas estavam tão danificadas que está impossível transitar. Foram 20 carretas saindo da propriedade, e as 20 ficaram atoladas. Eles tiveram que deixar um trator em cada ponto da lavoura, para que não ocorresse o problema novamente”.

Em outra propriedade, o prejuízo também foi grande. “O granizo atrapalhou a finalização do plantio e o proprietário perdeu tudo, teve que refazer o plantio.

A preocupação para o presidente da Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), Christiano Bortolotto, é com as estradas que ficaram prejudicadas em algumas regiões. “Se tivermos a rodovia ou estrada vicinal bloqueada ou ate mesmo sem condições de tráfego, não tem como levar a soja nos armazéns para que estocam a soja colhida, e sendo assim não tem como colher o mesmo”, explica.

A colheita começa no início do mês de janeiro, e a soja é um produto muito frágil que quando chega no ponto de colheita, deve ser colhida muito rapidamente, “caso isto não ocorra começa a estragar a qualidade da soja, chegando ao ponto de estragar tudo e não dar para colher mais nada”, explica.

Se a soja não for colhida, muitos proprietários “podem chegar ao ponto de perder toda a produção”, diz Bortolotto.

Recuperação

Há muitas rodovias danificadas e pontes destruídas pelo Estado. São 11 rodovias estaduais e 13 municipais com estragos, de acordo com a Defesa Civil de Mato Grosso do Sul. Os principais problemas são nas cidades que decretaram situação de emergência: Tacuru, Naviraí, Coronel Sapucaia, Amambai, Sete Quedas, Paranhos, Caarapó, Iguatemi, Novo Horizonte do Sul, Juti, Aral Moreira, Eldorado, Itaquiraí e Japorã.

“Nos municípios em situação de emergência, temos casos com propriedades completamente sem acesso, propriedades que o acesso que tem é muitíssimo maior que o que tinha, como exemplo, para chegar ao mesmo ponto, rodava 30 km, tem casos em que agora tem que roda 100 km”, exemplifica o presidente da Aprosoja/MS.

Segundo ele, para que não ocorra problemas piores “é preciso reestabelecer todos os acessos, das áreas com soja plantada, arrumando as estradas e reconstruindo pontes, o mais rápido possível, pois a soja não pode esperar no campo”.