Com idade média da frota acima de 8 anos, Consórcio Guaicurus terá que substituir 197 ônibus em 2025
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A Prefeitura de Campo Grande informou que o Consórcio Guaicurus deverá substituir 197 ônibus em 2025, garantindo o cumprimento do contrato de concessão firmado em 2012 entre a concessionária e o executivo. A nova frota é referente aos 99 ônibus previstos para 2025, além de 98 que deveriam ter sido renovados em 2024. Vale lembrar que a última entrega de frota foi realizada em 2023. Na época, Campo Grande recebeu 71 veículos.
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Embora o prazo para cumprimento da medida não tenha sido informado, a Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) garantiu que está acompanhando a situação de precariedade do transporte coletivo e, caso os prazos não sejam atendidos, poderão ser aplicadas as penalidades previstas, incluindo multas. Com a renovação, a expectativa é reduzir a idade média da frota, atualmente em 8 anos.
Conforme a Agereg, a frota de transporte coletivo na capital conta com 460 veículos. Embora o contrato assegure que a média de idade dos ônibus seja de até 5 anos, basta sair na rua para conferir que essa está longe de ser a realidade, visto o sucateamento de quase toda a frota. Sobre isso, a Agência explicou que há uma tolerância da idade máxima permitida prevista, de 15 anos para veículos articulados e 10 anos para os demais.
Ônibus sucateados
Sucateamento de frota é um problema antigo no transporte coletivo de Campo Grande, e o pesadelo de quem depende dele diariamente para se locomover pela cidade. Tanto que, em 2023, logo após o Consórcio Guaicurus e a Prefeitura oficializarem a entrega de 71 novos ônibus a Campo Grande, a Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos) cobrou punição do Consórcio Guaicurus e firmou instauração de processo para estudar a idade média da frota de ônibus circulantes na Capital.
Apesar da medida, pouco – ou nada – mudou. O que não falta nas ruas são ônibus de frotas antigas, com bancos quebrados, elevadores danificados, motores barulhentos e acessórios básicos destruídos. Nessa, sofrem os motoristas, que trabalham precariamente, e claro, os usuários.
Conforme o perfil Ligados no Transporte, diversos veículos que circulam por Campo Grande já tem 11 anos, muito acima do que a idade média garantida em contrato. Isso instaura o questionamento: por onde anda as frotas mais ‘novas’?
Questionado sobre a frota mais recente, o Consórcio Guaicurus afirmou que todos os 71 ônibus entregues, sem exceção, seguem em circulação.
Em nota, explicaram que “os veículos passam por manutenções cíclicas, que são programadas e realizadas regularmente”. No entanto, “em algumas situações, a execução dessa manutenção pode variar em função da disponibilidade de peças ou da nossa capacidade operacional. No entanto, os carros estão sempre em processo de manutenção preventiva ou corretiva, conforme necessário, e não há veículos fora de operação”.
A reportagem acionou o Consórcio Guaicurus para saber se há previsão para as entregas. O espaço segue aberto para manifestação.
Receita bilionária
Os empresários de ônibus de Campo Grande são o verdadeiro exemplo do ‘mau negócio’ que rende milhões. Na verdade, bilhões. Isso porque equipe técnica da prefeitura da Capital certificou auditoria contábil nas planilhas do Consórcio Guaicurus e atestou que a concessionária teve receita de R$ 1.277.051.828,21 (um bilhão, duzentos e setenta e sete milhões, cinquenta e um mil, oitocentos e vinte e oito reais e vinte e um centavos) de 2012 a 2019 – somente os oito primeiros anos do contrato. Os técnicos chegaram aos valores a partir de balanços enviados pelas próprias empresas de transporte.
Conforme documento oficial da Agereg, os lucros do Consórcio Guaicurus só aumentaram. “Mantendo-se em um nível linear entre os períodos de 2016 a 2018, excetuando o exercício financeiro de 2019 com baixa, porém, mesmo registrando baixa em suas receitas [em 2019], o Consórcio auferiu lucro para o período, melhor que o exercício imediatamente anterior”.
Apesar de lucrar milhões explorando o transporte público em Campo Grande, perícia autorizada pela Justiça revelou que, desde 2015, a idade média dos ônibus que circulam nas ruas ultrapassou a média de 5 anos, determinada pelo contrato. Em vez de utilizar os recursos para melhorar os serviços, o laudo pericial apontou ainda que o número de ônibus nas ruas só diminuiu. “Evidente que o Consórcio sempre possuiu condições de adimplir o contrato de concessão”, diz documento da Agereg.
Frota crítica
De alçapão voando a elevador emperrado, em 2024 o Jornal Midiamax registrou diversos momentos desafiadores vividos por quem depende do transporte público, contrariando, totalmente, a informação de que “o serviço do Consórcio Guaicurus é excelente para conforto, acessibilidade, pontualidade, qualidade da frota e pessoal a serviço”.
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Acessibilidade é de longe um dos pontos a melhorar quando o assunto é transporte coletivo. Isso porque são frequentes as reclamações de usuários que dependem do elevador para embarcar e desembarcar dos ônibus alegando que ficaram “presos” na condução ou não puderam subir, porque a escada estava emperrada.
Em janeiro de 2024, por exemplo, o auxiliar administrativo, Nelson Corrêa, de 63 anos, não conseguiu desembarcar de um ônibus na Avenida Júlio de Castilho devido ao elevador que havia estrago.
Também em janeiro, um passageiro registrou goteiras em um dos ônibus que presta serviço à população. Nas imagens é possível notar um furo no teto do ônibus 3265 da linha 051, que faz trajeto entre o Terminal Bandeirantes e o Shopping Campo Grande. Na época, ele até ironizou dizendo que estava “refrescante”.
Lotação também é algo diário nas conduções. Nos horários de pico, então, as conduções se transformam em grandes – e abafadas – latas de sardinha.
Em uma das situações relatadas, eram 5h30 quando os passageiros se aglomeravam para entrar na linha 080 (Terminal Aero Rancho / Terminal General Osório).
Consórcio ‘escapou’ de CPIs
Nos últimos 10 anos, a criação de uma comissão para a investigação do Consórcio Guaicurus — contrato e serviços prestados — foi pautada pelo menos sete vezes na Câmara de Campo Grande. Uma por uma, as tentativas ficaram de lado nos trabalhos legislativos. Assim, as empresas ‘escaparam’ de comissão própria para investigar a situação precária do transporte coletivo na Capital.
No mesmo recorte temporal, o Midiamax noticia séria de reportagens sobre a realidade dos ônibus de transporte público em Campo Grande. Goteiras, superlotação, frota sucateada e falta de acessibilidade estão entre os principais desafios enfrentados pelos usuários do Consórcio Guaicurus.
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