Nesta terça-feira (26), o cônsul para Assuntos Políticos e Gerais do Consulado Geral do Japão em São Paulo, Daisuke Hattori, e o embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Japão no Brasil, Teiji Hayashi, visitaram as instalações da Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, a fim de conhecer os serviços prestado à população e ouvir os profissionais que atuam no local.

Segundo a Subsecretária de Políticas para a Mulher, Carla Stephanini, a presença dos representantes na instituição é de extrema importância. Isso mostra que outros países têm demonstrado preocupação e esforço para entender à necessidade de ocupação de espaços de liderança por mulheres, a criação de políticas públicas que garantam a segurança de vítimas e também meios que propiciam que as mulheres tenham condições de se reerguer após um ciclo violento.

“Nós recebemos um grande reconhecimento por sermos referência nacional para todas as Casas que vieram e ainda estão por vir. Essa referência exercemos de forma muito responsável e contribuindo com as outras Casas que vêm conhecer nosso trabalho, mas também recebendo a visita de diversos outros estados do nosso país, inclusive internacionais de instituições de ensino e de outros países”, afirma.

“A questão da violência contra a mulher é comum a todos os países, infelizmente. A diferença é como nós encaramos e enfrentamos essa chaga social que é a violência praticada contra as mulheres, seja a violência de gênero, a violência doméstica, ou familiar. Nesse sentido, o Brasil tem muito a contribuir, apresentando os resultados das nossas políticas públicas”, pontua.

Visita do cônsul e embaixador do Japão à Casa da Mulher Brasileira. (Reprodução, Assessoria)

Na recepção esteve presente também a delegada titular da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Elaine Cristina Ishiki Benicasa, que apresentou informações acerca tanto do trabalho realizado pela delegacia, quanto do cenário de violência em Mato Grosso do Sul.

Segundo ela, em 2023, mais de 9 mil boletins de ocorrência foram feitos só em Campo Grande. Além disso, Mato Grosso do Sul foi o terceiro estado brasileiro com mais feminicídios registrados.

“Tenho certeza que com o trabalho desenvolvido, conseguiremos diminuir esses índices e sair desse pódio que, claro, não traz orgulho nenhum. Vale pontuar, que todos esses feminicidas estão presos”, pontuou.

Foi apresentado aos representantes também o Programa Recomeçar, voltado a homens autores de violência contra a mulher. O Programa tem duração de 4 meses, com 16 encontros. Segundo a subsecretária, as reuniões abordam assuntos como masculinidade, abuso de álcool e droga.

“As pesquisas indicam que graças a esses projetos, o número de reincidência diminuiu consideravelmente”, pontuou.

Visita do cônsul e embaixador do Japão à Casa da Mulher Brasileira. (Reprodução, Assessoria)

Para o embaixador Teiji Hayashi, as causas das mulheres são prioridades para a embaixada e o Governo do Japão.

“No nosso caso, faltam lideranças de mulheres nas empresas privadas e o Governo tem promovido esse envolvimento”, explica. “Aos poucos essa realidade vai mudando. Por exemplo, no Mistério das Relações Exteriores, 50% dos diplomatas são mulheres, mas da nossa geração, apenas 3%”, pontua.

Ainda segundo Hayashi, “a violência doméstica no Japão é um pouco menor que no Brasil”. Isso porque apenas “12% das mulheres têm experiência com violências domésticas”.

“O Japão é uma sociedade muito segura e tem menos casos criminosos, mas muitas mulheres passam por violências escondidas que ninguém vê”, explica. “Em 2001, entrou uma lei contra a violência doméstica no país e no passado ampliamos para assistência às crianças”, pontuou.

Segundo Hayashi, como embaixador, há interesse particular em uma cooperação internacional. Em breve, a comitiva deve se reunir com o Ministério das Mulheres do Brasil.