Há quase dois anos paralisada, a conclusão das obras de pavimentação asfáltica no bairro Nova Lima virou motivo de desesperança aos moradores. Tomado por buracos, lama e terra, o bairro acumula prejuízos enquanto moradores buscam soluções para lidar com uma realidade intransitável.
Principal alvo das reclamações, as valas na Avenida Candido Garcia Lima amargam prejuízos a comerciantes e moradores que há anos precisam lidar com a situação precária da via.
Marli Belarmino é proprietária de uma serralheria localizada na avenida e relata que até já perdeu as contas de quantos acidentes presenciou no local.
“As valas aqui são muito profundas, quando o carro passa acaba caindo e ficando com as rodas presas. Sempre passa alguém desavisado que não conhece a rua e acaba se envolvendo em acidentes”, relata.
Enquanto asfalto não chega, moradores torcem para não chover
Segundo a comerciante, a promessa de asfalto gerou expectativas de impulsionar as vendas em sua serralheria, contudo, passados dois anos, a situação ficou ainda pior. Em dias de chuva, a rua fica tomada por lama e a única opção é ir embora a pé, para evitar acidentes.
“Quando chove a vala abre ainda mais. A rua vira um lamaçal e água arrasta todo o lixo. Como tenho moto, acabo indo embora a pé para não arriscar cair nos buracos”, diz.
Marli explica que já acionou a ouvidoria da prefeitura de Campo Grande inúmeras vezes para solicitar a manutenção da via, mas nunca foi atendida.
A comerciante relembra ainda de um episódio em que uma viatura do Corpo de Bombeiros quebrou o para-choque ao passar por um buraco. “Achei que depois disso tomariam uma providência, mas não fizeram nada”, afirma.
Segundo os moradores, com a paralisação das obras, diversas ruas ficaram inacabadas, mesmo faltando poucos metros para a conclusão do asfalto e ligação entre as vias. Na Rua Capitólio, por exemplo, 120 metros de terra a separam do asfalto da rua mais próxima. O problema se repte em vários outros trechos como na Rua Tapaua e Padre Antônio Franco.
“Não terminaram as ligações, em várias ruas o asfalto parou na metade ou quase no final”, destaca.
Leopoldino Ferreira está entre os moradores que nem ao menos foram contemplados com o início das obras. Ele relembra que a pavimentação foi dividida em quatro partes, o que segundo ele contemplou até o bairro vizinho, enquanto sua rua ficou de fora.
“Não dei sorte, uma das três partes ficou no Anache, lá recebeu asfalto e no Nova Lima não. Pago o IPTU em dia, mas a situação não muda. Deveria passar pelo menos uma patrola aqui”.
Enquanto a promessa de asfalto segue no papel, moradores fazem o que podem para conviver com a realidade intransitável. Na tentativa de evitar acidentes, moradores da Rua Henrique Barbosa Martins, colocaram cascalho em uma das valas para possibilitar a passagem dos carros.
“Isso aqui estava horrível, por conta do buraco, todo carro que passava ficava preso. Motociclistas nem tentavam, viam e davam meia volta. Aí tiveram que jogar o cascalho”, relata uma moradora de 62 anos que preferiu não se identificar.
Segundo a moradora, no início das obras equipes da prefeitura fizeram medições e avaliação do local. “Mediram tudo, vieram com máquinas, mas nada de asfalto”, lamenta.
Três etapas, todas paradas
Ruas do bairro Nova Lima após tempestade (Kísie Ainoã/ Jornal Midiamax)
Em novembro de 2022, a prefeitura de Campo Grande anunciou no Diogrande (Diário Oficial) a paralisação de cinco obras, entre elas a de pavimentação no Nova Lima. A obra foi dividida em 3 etapas, sendo duas que estão paradas e vão ser relicitadas e a terceira, também parada e aguardando autorização da CCR para ser retomada.
A GTA Projetos e Construções pediu a rescisão do contrato sobre as etapas C e D de pavimentação e drenagem no Nova Lima. A obra seria executada em 12 doses meses em parceria com a empresa Equipe Engenharia.
Em entrevista ao Midiamax, concedida em dezembro do ano passado, Marcelo Miglioli, secretário da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) afirmou que as obras seriam destravadas ainda no primeiro semestre de 2024.
“A situação no Nova Lima exige nossa atenção; as etapas C e D tiveram os contratos rescindidos, mas as obras devem ser destravadas neste primeiro semestre”, disse.
Pelo cronograma, seriam asfaltadas 31 ruas e recapeadas outras seis, abrangendo o quadrilátero formado pelas Ruas Zulmira Borba, Cônsul Assaf Trad, Gualter Barbosa e Lino Vilacha.
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