vive cenário preocupante com epidemia de doenças respiratórias, que atingem, principalmente, crianças. Com unidades de saúde e hospitais lotados, confirma que a demanda nas unidades de urgência aumentou em mais de 30% devido ao surto de doenças respiratórias e dengue na Capital. Assim, usuários da saúde pública enfrentam na pele os percalços da superlotação.

Em poucas horas, o Jornal Midiamax recebeu diversos pedidos de ajuda de pessoas que passaram mais de horas no aguardo de atendimento médico nas unidades de saúde.

Na UPA Leblon, por exemplo, paciente aguardou por atendimento desde às 10h da manhã com febre, diarreia, vômitos e dores abdominais.

Enquanto isso, a UPA Coronel Antonino segue lotada de crianças e adultos que precisam de atendimento. Mirene Ferreira precisou levar os filhos, que estão com sintomas de dengue, para atendimento. No entanto, segue aguardando na entrada sem previsão de entrar na sala médica.

“Tem muita criança sentada no chão, deitada no chão. Está um caos. Tem pessoas faz horas aqui”, afirma.

Hadryan Kesley Mota Parachai, de 21anos, é outra paciente com sintomas de dengue que aguarda atendimento no local. Desde às 10h na unidade de saúde, ela reforça a superlotação do espaço.

“Tem gente que está aqui desde as 8h da manhã sem ser atendida pelo clínico geral, muitos idosos debilitados”, afirma.

Por lá, Elizabeth Alves da Silva e Silva está preocupada com o irmão, Emerson Sabino da Silva Cunha. Ele está com sintomas respiratórios e família suspeita de tubercolose. Assim, homem aguarda liberar vaga em hospital.

“O atendimento está bem lento porque está lotado, eu acredito que ele possa estar com tuberculose. Ele tosse demais, sente muita dor no peito, ele já fez Raio-x e constou uma manchas nos dois pulmão. Está dando febre, Mas os médicos da UPA não encaminham ele pra um hospital”, diz Elizabeth.

Chuva entrou dentro de USF

Além da demora no atendimento, outros paciente reclamaram das condições de alguns postos de saúde. Na USF (Unidade de Saúde da Família) do Coophavilla II a chuva que atingiu a região na tarde desta segunda-feira (3) entrou dentro da unidade, formando um rio no local. “Chove lá fora e dentro do posto”, diz paciente ao Jornal Midiamax.

Aumento de 30% na demanda

Em resposta ao Jornal Midiamax sobre os casos citados acima, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) afirma que Campo Grande está passando por surto de doenças respiratórias e de dengue, o que fez a demanda das unidades de urgência aumentar em mais de 30%.

“Em relação a reclamação específica da UPA Leblon, a escala está completa com seis médicos clínicos e todos os pacientes estão sendo atendidos dentro do tempo protocolar, que é de até 4h para casos de menor gravidade. É importante ressaltar que nestas unidades existem pacientes nas enfermarias em atendimento ou aguardando vaga em um hospital, que precisam ser periodicamente assistidos pelas equipes”, explica.

Dessa forma,  os médicos e demais profissionais se revezam no atendimento destes pacientes e dos que se encontram na recepção. Além disso, secretaria afirma que quando há maior número de pacientes nestas condições, também é maior o tempo de espera levando em consideração a necessidade de cada caso.

“Estamos buscando reforçar o quadro clínico das unidades, através da convocação de novos profissionais, e também envio de equipes de apoio para assegurar que nossa população seja devidamente atendida”, afirma.

Em relação a unidade do Coophavilla, a Sesau diz que ocorreu situação pontual por conta do excesso de chuva que atingiu a região. Apesar dos transtornos, nenhum atendimento foi prejudicado. As equipes de manutenção da Sesau fizeram a vistoria na unidade para proceder com reparos necessários.

“No início deste ano a Sesau iniciou um cronograma de reparos e revitalizações nas unidades de saúde e, até 2024, ao menos 50 unidades devem receber melhorias, incluindo as seis UPAs e quatro CRSs.Nos últimos dois meses, três unidades já foram completamente revitalizadas nos bairros Aero Rancho, Arnaldo Estevão de Figueiredo e Jockey Club. Há revitalizações em andamento no Complexo de Saúde do Nova e a reforma da UPA Vila Almeida”, conclui a nota.

Campo Grande está sem leitos

Sandro Benitez confirmou ao Jornal Midiamax que a Capital vive uma epidemia de doenças respiratórias, principalmente no público infantil. Para conter a pressão no sistema público, a prefeitura vai tomar medidas emergenciais, como compra de leitos privados e liberação de consultas pediátricas sem agendamento nas unidades básicas de saúde da Capital.

Na semana passada, a cidade tinha uma demanda diária de 50 crianças à espera de vaga em hospital. O surto de doenças respiratórias atinge principalmente crianças e é mais grave em bebês. A situação se agravou em razão da circulação dos vírus Covid-19, rinovírus, sincicial respiratório e influenza no período de volta às aulas e após o período de isolamento da pandemia, quando a circulação de vírus entre as crianças foi menor. Entenda mais detalhes do surto respiratório nesta reportagem.

A prefeitura também prevê chamamento para hospitais públicos que tenham leitos pediátricos para de crianças. O valor da contratualização ainda não está definido, mas o problema é que a rede privada também está superlotada.

Benites confirmou que hospitais particulares das redes Cassems, Unimed, São Julião e Pênfigo já comunicaram ao município que estão lotados e chegaram a solicitar vagas no SUS (Sistema Único de Saúde). O que dificulta o plano da prefeitura de contratar leitos privados. Único hospital que informou à Sesau que tem interesse na contratualização é o El Kadri, que possui 30 leitos disponíveis para ceder ao poder público.

Unidades básicas com consultas liberadas

Além de contratar os leitos privados, a Sesau tomou outra decisão que tem o objetivo de reduzir a lotação de UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs 24 horas (Centros Regionais de Saúde). A prefeitura vai liberar consultas pediátricas em UBS e USF, as unidades básicas, sem agendamento. Ou seja, em caso de sintomas respiratórios sem gravidade, os pais poderão procurar as unidades básicas.

Santa Casa está superlotada

Diante do cenário de ‘caos' na saúde de Campo Grande, a  Santa Casa de Campo Grande comunicou a Secretaria Municipal de Saúde, o Conselho Regional de Medicina e o Ministério Público Estadual que não vai receber novos pacientes a partir desta segunda-feira (3). A decisão foi tomada, segundo o hospital, em razão da superlotação da unidade em situação classificada como “extremamente crítica”.

“Estamos vivendo duas epidemias. Por conta disso, procuramos a iniciativa privada, mas eles também estão passando pela mesma situação e até pedindo vaga para gente”, disse o secretário Sandro Benitez.