Mato Grosso do Sul está no epicentro de uma onda de calor, batendo recordes diários de temperatura e a pergunta que ecoa é por que o frio é tratado como problema público e o calor não? São comuns ações individuais e governamentais no inverno, principalmente com doações de cobertores a pessoas em situação de rua e/ou em vulnerabilidade social.

Mas por que no calor não há doação de ventiladores, ar-condicionado ou mesmo distribuição de água gelada? Também não é realidade em espaços públicos com ar-condicionado ou piscinas para que a população, principalmente de baixa renda, possa aliviar os efeitos do calor extremo.

Diante da onda de calor, a prefeitura de São Paulo foi a primeira a lançar uma Operação Altas Temperaturas, instituindo ações emergenciais sempre que os termômetros alcançarem 32°C. As ações incluem instalação de dez tendas em pontos estratégicos, das 10h às 16h, com fornecimento de água, frutas e bonés, além de espaço pet e reforço na compra de ventiladores em unidades de acolhimento.

A prefeitura ainda intensificou ações de acolhimento com pessoas em situação de rua, ofertando espaço para se abrigar do sol e receber água e alimento; e disponibilização de uma ambulância referenciada para atendimento a casos de exposição ao calor para atender essas tendas.

Em outros estados, há relatos de mudanças na realização de práticas esportivas nas escolas, abertura de espaços públicos com ar-condicionado para a população e também de piscinas públicas.

Ações em Mato Grosso do Sul

O governo do Estado e a prefeitura de emitiram alerta para a população de cuidados com a saúde. A SAS (Secretaria municipal de Assistência Social) afirma que está orientando a população em situação de rua sobre os perigos da desidratação e a importância de buscar apoio nas unidades de acolhimento e no Centro POP.

A prefeitura de Campo Grande disponibiliza o Centro POP como um ponto de apoio à população em situação de rua, localizado na Rua Joel Dibo, 255, Centro. Lá, além de três refeições diárias, é possível realizar a higiene pessoal, lavar e se hidratar nos bebedouros da unidade.

Porém, o centro POP não é em uma área externa, sem climatização e também não há espaço para dormitórios. O Serviço Especializado em Abordagem Social realiza atendimento à população de rua nas sete regiões da Capital, por meio de busca ativa e denúncias feitas através dos celulares (67) 99660 6359 e (67) 996601469, disponíveis para a população.

Também há cuidados com e idosos. A orientação é para que as equipes fiquem atentas às crianças e aos idosos, que são mais suscetíveis aos efeitos do calor. Nesta terça-feira (26), o Governo do Estado informou que suspendeu aulas ao ar livre nas escolas estaduais.

População subestima o calor?

Mato Grosso do Sul é um estado de altas temperaturas e a maioria dos moradores está acostumada a conviver com o calor. Talvez por isso, diante de uma onda de calor, poucos mudem os hábitos e se adaptem para se proteger dos efeitos das altas temperaturas.

Meteorologista do Cemtec/MS, Vinícius Sperling afirma que quando as temperaturas estão muito elevadas, próximo de 40°C, é importante que os costumes sejam alterados. “No geral as pessoas não tomam muitas precauções, mas o ideal é alterar a rotina. Por exemplo, mudar o horário de atividades externas”, disse.

Pessoas que trabalham expostas ao sol, além de equipamentos e EPI que ajudam a minimizar os efeitos do calor, poderiam ter horários alternativos. Especialistas nacionais destacam que mudanças coletivas para conter o calor são emergenciais.

Entre elas está a construção de espaços climatizados para abrigar a população vulnerável e sem acesso a ar-condicionado. Como acontece na Europa, por exemplo, mas talvez por estarem acostumados com o frio, as altas temperaturas assustem mais.