A recente migração de usuários para a região central vem causando aflição entre moradores e comerciantes de Campo Grande. Segundo comerciantes, a presença da GCM (Guarda Civil Metropolitana) na antiga rodoviária teria desencadeado a situação.

Para o secretário especial de segurança do município, Anderson Gonzaga, o problema vai além e não deve ser relacionado a presença ostensiva dos servidores no local, que gerou resultados positivos nos últimos meses.

“Precisamos ver o lado positivo dessa operação na antiga rodoviária. Não foram todos que migraram para a área central, cerca de 30% a 40% aceitaram o atendimento da prefeitura, encaminhados para abrigos e tratamentos”, explicou.

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Equipe da Guarda durante abordagem na região. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Gonzaga conta que os agentes presentes no local atuam em parceria com o serviço social do município, quando acionados para averiguar alguma ocorrência.

“Muitas vezes, ao abordarem essas pessoas vulneráveis, são ofertados os abrigos e locais de apoio. Lá elas podem tomar café da manhã, tomar banho”, ressaltou o secretário.

Para secretário, esmola é principal problema

Segundo Gonzaga, uma das principais atitude que contribuem para a situação é a entrega de esmolas para usuários e moradores de rua na região central. Ele explica que o ato incentiva para que muitos permaneçam no local, alimentando o vício em drogas e álcool.

“Nós pedimos para que a população não dê dinheiro para essas pessoas. Fizemos entrevistas durante as abordagens e muitos não querem sair dali porque estão em uma zona de conforto. Eles pedem dinheiro e muitas das vezes esse valor é utilizado na compra de entorpecentes”, disse.

Conforme explica o secretário, campanhas estão sendo elaboradas para abordar o assunto, pedindo que a população não dê esse tipo de apoio aos usuários. “Existe a assistência do município, muitos não querem sair desses locais porque ganham tudo”.

Aumento de usuários traz insegurança para comerciantes

Com isso, a presença de usuários e moradores de rua tem aumento significativo no Centro de Campo Grande e está tirando o sono de moradores e comerciantes da região.

O proprietário de uma autoescola, Valdir Ferreira de Almeida, explicou que além de funcionários, os próprios alunos ficam com medo.

“Eles chegam por volta das 5h40 e todos os dias se deparam com o portão da empresa lotado de usuários de drogas, muitos deles, agressivos”, frisou o empresário. 

Outro comerciante, com um estacionamento na região e, por medo, não quis se identificar, conta que já presenciou assaltos e até brigas e esfaqueamentos entre eles. “Eu fico com medo. Meu horário de fechar são às 18h30, mas 17h eu já fecho e cuido só os carros que saem. Não dá para descuidar”, diz. 

Ele relembra que notou aumento dos usuários na Avenida Calógeras e também nos trilhos onde ficavam os vagões de lanche, depois da instalação da base móvel da GCM.