Campo Grande pode fechar farmácias em UPAs e pacientes devem pegar remédios em postos de bairros
Pacientes lamentam e afirmam que terão que tirar dinheiro do bolso para comprar medicamentos
Karina Campos, Danielle Errobidarte –
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Campo Grande planeja fechar as farmácias populares nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) em breve, seguindo a portaria do Ministério da Saúde. Com isso, os moradores deverão buscar medicamentos em unidades de saúde dos bairros, nas “farmácias satélites”. Embora anunciado, não há prazo para o fechamento total em unidades de emergência e urgência.
A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou que a portaria da União descreve que não existe farmácia para entrega de medicamentos em UPAs ou CRSs (Centros Regionais de Saúde), as que atuam por 24h na Capital. Ou seja, o entendimento foi criado na cidade há alguns anos, contrariando a normativa.
Na visão da saúde, a medida poderia impactar na habilitação e qualificação destas unidades, uma vez que é necessário seguir um padrão. Porém, não há uma determinação, ao menos no momento, para fechar o serviço.
“O que foi discutido há algum tempo foi a criação das chamadas ‘farmácias satélite’, onde este serviço seria referenciado em algumas unidades específicas. Vale ressaltar que a dispensação de medicamentos é feita na atenção primária, e hoje o Município conta com 74 unidades básicas e de saúde da família espalhadas pelas sete regiões urbanas e distritos”, descreve a assessoria de imprensa.
Visita inopinada
Conforme o secretário da pasta, Sandro Benites, uma equipe do Ministério da Saúde deve vir à Campo Grande para uma visita inopinada, sem agendamento. Portanto, as farmácias podem fechar nas UPAs sem a determinação da União.
“Vamos receber uma delegação do Ministério da Saúde em relação à adequação das UPAs. Por exemplo, eu não posso ter uma escala de pediatras, eu posso ter uma escala de atendimento infantil, não posso ter farmácia nas UPAs. O que eles determinarem vamos fazer, mas não é preconizado ter farmácias em upas se tem 74 unidades básicas com farmácias. Não tem um tempo determinado, nem quando vai fechar. Vamos seguir a determina dessa equipe que está vindo para cá”, esclarece.
“Vou preferir comprar”
Embora toda UBS de Campo Grande tenha uma farmácia disponível, a novidade não agradou quem procura as UPAs, pois quem busca remédio ao sair da consulta no período da noite, por exemplo, só irá conseguir pegar o medicamento disponível no dia seguinte, já que a maioria funciona até 19h.
Um casal, de 24 e 26 anos comentou enquanto estavam em atendimento na UPA da Vila Almeida que geralmente estão disponíveis medicamentos para dor, como o Dipirona. A farmácia já não está em funcionamento devido às obras, que continuam. Há uma placa indicando as unidades mais próximas para entrega de remédios.
“Prefiro comprar em vez de ir em unidade a unidade para ver se tem o remédio que preciso”, disse.
Na UPA Santa Mônica os atendimentos estão em escala normal nesta sexta-feira (21). Os atendentes informaram que os medicamentos controlados estão disponíveis apenas no CAPS (Centros de Atenção Psicossocial).
Para quem está acostumado a sair da farmácia e se deparar com a falta do medicamento receitado pelo médico, a adaptação não reflete, como exemplifica um casal de 18 anos, que preferiu não se identificar, durante atendimento na UPA Leblon. Nos últimos atendimentos, de cinco remédios receitados, apenas dois conseguiram pegar na farmácia popular.
“Daqui da pouco só gente rica consegue comprar remédio, porque eles não dão aqui e nem todo mundo tem condições de comprar”, disse ela. “Dependendo do remédio que médico passa, não tem aqui. Tive que comprar os outros três remédios que o médico receitou. Geralmente os médicos não receitam remédios muito caros, mas esses cada um estava R$ 40, se comprasse os três ia pesar no bolso”, completa ele.
Duas farmácias em UPAs fechadas
Outra UPA que está com a farmácia fechada temporariamente é a Universitário, há mais de dois anos. Chuvas causaram infiltrações na estrutura, mofo na sala de armazenamento dos fármacos. Desde março deste ano, a reativação virou discussão em plenário da Câmara Municipal.
“Como que o paciente que busca a UPA do Universitário para receber atendimento médico, sai de lá sem os medicamentos necessários para realizar seu tratamento? Tem que reformar o local e reativar a farmácia para que possamos atender a população que tanto precisa”, pontuou o vereador Victor Rocha (PP) na época.
O legislativo cobrou a aquisição de medicamentos em falta também, além de pedir celeridade do judiciário para falta de reposição em medicamentos básicos nas unidades.
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