Enfermeiros da Santa Casa prometem cruzar os braços na quarta por reajuste salarial
Categoria se mobilizou por dias protestando por valorização da profissão
Karina Campos –
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Após dias de assembleias, o Siems (Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul) informou, nesta sexta-feira (23), que os servidores da Santa Casa entram em greve por tempo indeterminado, a partir da próxima quarta-feira (28), por reajuste salarial no contrato anual com o hospital.
De acordo com a categoria, o indicativo de greve foi votado em assembleias na segunda (19) e terça-feira (20). A partir da decisão, os trabalhadores então cruzam os braços, o movimento deverá manter o número mínimo de servidores em exercício, que é de 30% em escala de rodízio entre os grevistas.
É a segunda vez no ano que os enfermeiros paralisam as atividades para pedir a valorização salarial, agora, em meio à crise financeira que o hospital vem pontuando que enfrenta. A promessa de paralisação havia sido derrubada por ordem judicial enviada ao Siems, por meio do sindicato patronal, o Sindesul (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde de MS), na terça-feira.
A reportagem entrou em contato com o hospital, questionando se haverá prejuízo nos atendimentos ou possibilidade de acordo com os funcionários, entretanto, não houve retorno. O espaço segue aberto para um posicionamento.
Protesto dos enfermeiros
Desde o início do mês, a categoria vem protestando contra o ministro Luís Roberto Barroso do STF (Supremo Tribunal Federal) de suspender os efeitos da Lei 14.434/2022, que estabelecia o Piso Salarial da Enfermagem em todo o país. A falta de um acordo referente ao reajuste da remuneração também tem levado enfermeiros a carreatas e movimentos em frentes aos hospitais que atuam.
Os últimos atos aconteceram em audiências públicas na Câmara Municipal dos Vereadores e MPE-MS (Ministério Público Estadual), onde município e o hospital apresentaram minutas para renovação do contrato. Entretanto, sem solução positiva para a categoria.
De um lado, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) apresentava dados de que a regulação continua encaminhando o mesmo número de pacientes ao hospital. Os recursos municipais mensais passaram de R$ 5,4 milhões, em 2017, para R$ 6,2 milhões, em 2022. Os dados indicam redução quantitativa ambulatorial, de 717.007 atendidos para 459.753 até julho deste ano.
Luis Alberto Kamura, superintendente da Gestão Médico-hospitalar da Santa Casa, refutou informando que, nesta quarta-feira, havia 21 pacientes na área vermelha e 50% na verde, com leitos de enfermaria utilizados, além de 43 pacientes aguardando cirurgia ortopédica. “Não estamos retendo maca propositalmente”, disse.
O hospital tem mais de R$ 13 milhões em dívidas. O diretor técnico da unidade, Dr. José Roberto de Souza, pontuou que instabilidade na contratualização entre o município e a Santa Casa tem causado precariedade no atendimento, e poderá resultar em mortes de pacientes que aguardam por procedimentos.
“É um absurdo tentar provar que o SUS é subfinanciado. Precisamos de dinheiro suficiente para tratar as pessoas. Senão ter acordo, vai ter mortes, principalmente das pessoas mais pobres”, afirmou.
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