O frio chegou em Mato Grosso do Sul. Os termômetros marcaram 10°C em alguns municípios localizados na parte sul do Estado. Em as temperaturas também despencaram e se tornou um desafio para aqueles que não contam com paredes de tijolos e cobertas grossas para se aquecerem.

Embora esperado por muitos, para aqueles que vivem sob tetos de lona e rodeados pode finas e improvisadas paredes de madeira o frio se torna sinônimo de pesadelo e a criatividade se torna uma aliada para enfrentar as baixas temperaturas.

Nesta quinta-feira, os termômetros registraram 18°C em Campo Grande. José Carlos dos Santos, de 27 anos, mora em um barraco localizado no bairro Parque do Sol, em Campo Grande, e já utiliza de artifícios para lidar com a frente fria: pregar cobertas nas paredes. “Além de deixar o interior mais quente, ajuda a barrar a passagem de vento”, conta o morador.

Ao entrar na residência de José, fica nítido as mazelas enfrentadas pelo morador. O quarto escuro e fraca estruturo deixam o interior ainda mais gelado, as cobertas pregadas nas paredes parecem aliviar a sensação, mas não o bastante para considerar o ambiente aconchegante. Para ele, outro motivo é o local onde o barraco foi construído.

“Se você reparar existem muitas árvores ao redor, ou seja, não pega sol durante o dia. A noite fica muito frio, no calor é bom porque refresca, mas no frio a situação complica”, comentou o morador. Fora a simples engenharia praticada por José, duas cobertas são o que lhe restam para cobrir seu corpo, o tecido fino ‘reflete’ o olhar angustiante do morador ao recordar dos dias mais frios que enfrentou durante os dois anos que reside no local.

Morador mostra coberta utilizada para se proteger do frio
José mostra coberta utilizada para se proteger do frio. (Foto: de França/Midiamax)

Poucas casas a frente a situação não é diferente. Morando com o enteado e a esposa, Geovane Grassa Piezer, de 27 anos, conta que enfrentará o primeiro frio envolto de paredes de madeira. Sem condições de pagar alugar, o morador deixou a casa onde residia e construiu um barraco para onde se mudou em dezembro de 2021. Da mudança até hoje, ainda não sabe muito bem como lidar com o frio e mostrar preocupação ao falar do inverno.

Com as temperaturas de hoje, três fatores foram suficientes para que a família pudesse se esquentar. Assim como seu vizinho, Geovane utilizou cobertas e panos para fechar buracos nas paredes e impedir a passagem do vento frio, outra forma é apostar no calor humano, já que os três residentes compartilham a mesma cama. Em último lugar estão as cobertas, listada em último pelo próprio morador, pois são as menos eficazes, já que possuem apenas duas para as três pessoas.

Geovane comenta não ter condições de comprar mais cobertores e os que usa foram doados por vizinhos quando saiu da casa onde alugava. Um pouco tímido, ele deixa escapar um pedido para ajudá-lo a enfrentar as baixas temperaturas. “Uma coberta a mais seria bom”, comentou em tom de brincadeira. Quem possuir cobertores ou roupas de frio que possam ajudar Geovane e sua família, pode entrar em contato pelo número 99294-0125 para realizar a doação.

Frente fria

Nas últimas semanas a chegada de temporais e nuvens do tipo ‘shelf cloud’ já davam indícios que o frio estava se aproximando. Na última sexta-feira (25), o meteorologista Franco Villela, do (Instituto Nacional de Meteorologia), explicou ao Midiamax que a ‘nuvem de prateleira’ era devido a chegada da frente fria.

“No caso desta [nuvem] foi formada devido a áreas de instabilidade associadas ao avanço de uma frente fria, vinda de sul, pelo estado do MS”, explicou na ocasião.

Os próximos dias devem ser chuvosos em Mato Grosso do Sul, como na Capital, Campo Grande, que deve registrar chuvas isoladas durante toda a semana.