Pular para o conteúdo
Cotidiano

Pandemia despertou interesse em alimentação saudável e fez nutricionistas ‘bombarem’ em MS

Confira as áreas de atuação para nutricionistas e dicas para novos profissionais
Ranziel Oliveira -
Nutrição, nutricionista, Mato Grosso do Sul
Nutricionistas dizem que é possível se alimentar bem sem gastar muito (Foto: Leonardo de França / Jornal Midiamax)

Você já se perguntou como a sua alimentação afeta a sua qualidade de vida e saúde? Em comemoração ao dia do nutricionista celebrado nesta quarta-feira (31) em todo o , o Jornal Midiamax conversou com alguns profissionais da área para traçar um panorama da profissão no Mato Grosso do Sul, o peso que uma boa alimentação tem na vida das pessoas, desvendar mitos e as perspectivas de futuro para a categoria.

Atuando no mercado de trabalho durante o antes e pós-pandemia da Covid-19, o nutricionista Emerson Duarte, 37 anos, sentiu melhoras em vários aspectos do atendimento clínico.

“Vale a pena e eu vejo um mercado cada vez mais valorizado, a população Campo-grandense está cada vez mais focada na busca de uma alimentação saudável, independentemente da idade todo mundo está se cuidando. Posso dizer pelo meu consultório e a pandemia trouxe isso, as pessoas saíram de casa mais preocupadas com seus hábitos alimentares”, disse ele.

Em um analise cirúrgica, o profissional traçou um paralelo entre 2018 e 2022. “A procura quadruplicou e são pessoas entre 16 e 65 anos, são pais se preocupando com a merenda dos filhos, se preocupando com a procedência do alimento. O idoso que faz atividade física e quer se alimentar bem. Quem está fisicamente fraco e procura um profissional”, explicou.

Dica para novos profissionais

Para quem pretende ingressar no mercado de trabalho a dica é se dedicar. “O mercado não está aturando maus profissionais, tem que estudar, estudar e estudar muito. Foi o tempo do nutricionais que ficam somente calculando dieta, ele tem que entender da doença do paciente, de vitaminas, minerais e o medicamento que ele usa”, detalhou.

Áreas de atuação

No , Emerson Duarte relatou que o nutricionista atuará através da alimentação do paciente, para conseguir acelerar o processo de tratamento, melhora e cura. “Isso vai deixar esse paciente mais forte para tomar uma medicação e ter uma alta. O nutricionista de hospital consegue controlar as patologias (doenças) através da alimentação. Uma boa alimentação é muito importante para evolução clínica do paciente”, comentou Emerson.

Nutrição, nutricionista, Mato Grosso do Sul
Emerson Duarte durante atendimento (Foto: Emerson Duarte / Arquivo Pessoal)

Nas escolas públicas, o nutricionista conseguiria melhorar a alimentação das crianças e adolescentes para formar uma geração mais saudável. “Com as crianças comendo de forma saudável a gente consegue ter adultos saudáveis, com menor chance de desenvolver doenças e serem diabéticos”.

O impacto também seria sentido em uma cozinha industrial de uma grande empresa. “Com um nutricionista acompanhando a alimentação do trabalhador, a empresa terá trabalhadores mais nutridos. Eu consigo evitar que ele tenha uma dor de barriga, eu consigo trazer uma melhor qualidade de vida para o meu funcionário. Se for um trabalhador braçal, o nutricionista consegue entender o gasto energético, e traçar um perfil para que ele tenha uma condição melhor para trabalhar”, explicou.

É caro comer bem?

De acordo com Emerson ser bem nutrido não é manter hábitos caros, mas sim saber comer. “Algumas pessoas acham que vão gastar mais e que o nutricionista só vai passar coisas caras. Tendo em vista o preço do tomate e da carne, é possível ter uma alimentação nutritiva e saudável com as coisas que tem dentro de casa. É preciso Fazer substituições e ter cuidado na escolha e preparação”, disse ele.

“Alimentação saudável exige um pouco mais de investimento em um arroz integral, em uma carne mais magra, mas a gente consegue fazer que o paciente tenha até mais economia. Porque vamos ensinar o que ele tem que comprar e quanto ele tem que gastar no supermercado. A nutrição não é a mesma que corta alimentos, mas sim oferece”, pontuou.

Nutrição esportiva

Kamila Bernal de Souza, de 26 anos, é nutricionista clínica e pós-graduada em nutrição esportiva. Na sua visão de mercado, o início de carreira é um pouco mais complicado, mas uma especialização pode abrir novas horizontes. “No começo não foi fácil, melhorou depois da especialização em nutrição esportiva. É um área que está crescendo muito seja por estética, saúde ou obesidade. Diabetes e hipertensão são doenças que assolam o século, as pessoas também estão buscando para ter uma melhor qualidade de vida”, disse ela.

Pensando no ingresso de novos profissionais no mercado, a sugestão de Kamila é focar em uma área desde o começo. “Foquem no seu nicho, eu não tinha um nicho definido no primeiro ano. Eu queria me tornar nutricionista oncológica e comecei na clínica. Engrenei quando surgiu oportunidade de fazer a pós. A dica é focar no que você quer e depois estudar mais, procurar uma pós-graduação ou curso”, disse ela.

Dividindo a carreira profissional entre e Jardim, Kamila Bernal de Souza atende diversos pacientes e pode estabelecer uma média de retorno.

  •  “Isso é subjetivo, tem gente que começa em busca de hipertrofia (massa muscular)  e tem resultado a partir de 4 ou 5 meses. Muita gente quer, mas é um processo lento e o treino está muito ligado”.
  • “Para emagrecer você vê o resultado mais rápido, 45 dias fica visível. Vai depender muito do objetivo, genética, rotina e se existe doença”.

Redes sociais e atendimento online

A profissional ressalta que as redes socais também desempenham um papel crucial nos dias de hoje, dando mais visibilidade ao trabalho e captando mais clientes. “Eu tenho muitas pessoas que me seguem e que não estão em Jardim ou Campo-Grande, consigo muitos pacientes via Instagram. É uma ferramenta a mais pra descomplicar, desmistificar que nutrição é feita só de comida cara, ou ‘frescura’. Antigamente era coisa de rico, é lá é um meio da gente tirar esse mito”, disse Kamila Bernal de Souza.

Nutrição, nutricionista, Mato Grosso do Sul
Kamila Bernal de Souza é nutricionista esportiva (Foto: Kamila Bernal de Souza / Arquivo Pessoal)

Sobre a funcionalidade do atendimento online, ela ressaltou que mantém a mesma qualidade no atendimento. “Ele é captado pelo Instagram, mas o atendimento não é efeito por lá. Conversamos pelo e através de videochamada, peço para tirar algumas medidas e me mandar as fotos, como se fosse uma consulta presencial. Utilizo o aplicativo webdiet com os pacientes e abro a dieta deles no celular, vou tirando dúvidas e orientado durante as refeições de cada um”, disse ela.

“Hoje, 40% dos meus atendimentos são online. Tenho paciente em Portugal, Suíça, Inglaterra e no Estado de São Paulo. Eu mando mensagem para os pacientes, olho as fotos e vejo se está tudo certo no prato, as proteínas, carboidratos e ter uma atenção para cada paciente. Aplicar a dieta e deixar ele se virar não funciona mais, o diferencial e olhar pra cada um como se fosse o único paciente”, concluiu.

Visão do sindicato sobre salário e ‘blogueiros’ sem conhecimento

A nutricionista Marêza Mattioli, de 60 anos, é a presidente do Sindnutri – MS (Sindicato dos nutricionistas do Mato Grosso do Sul) e fez uma análise dos anos de pandemia para a categoria. “Parte dos consultórios foram afetados pelo não comparecimento presencial. Gente que podia fazer presencialmente e o mercado sentiu, mas teve situações que não. O conselho liberou o atendimento online durante esses anos de pandemia. É um conjunto de fatores, quem trabalha como nutricionista de eventos e buffets está vislumbrando o movimento melhorar”, explicou.

Como sindicalista, Marêza Mattioli destacou os riscos de seguir uma dieta baseada em dicas de blogueiros e pessoas sem conhecimento técnico. “Nas todos são nutricionistas: blogueiros, artistas, influencers, no fritar dos ovos nenhum deles tem capacidade técnica e profissional para dar receita ou orientação. A gente vê um enxame de gente falando besteira e dando indicação errada, ou receita de bolo. É fitness, vamos fazer e não se preocupar com a saúde para emagrecer por emagrecer. Está errado, você tem que ver a parte nutricional do paciente”, disse ela.

E ligado a isso também ressaltou as consequências do uso de esteroides. “Saúde não é só peso e corpo, é bioquímica. Isso pode custar caro. Problemas renais, alteração tiroidianas, dependendo do que usa e quanto tempo usa. É um absurdo usar isso, tem como você tratar um paciente de forma segura para desenvolver massa muscular, com substâncias de alimentos que fazem bem ao corpo”, explicou.

A presidente do sindicato também estabeleceu parâmetros em relação ao salário da categoria. “Não temos o piso salarial coletivo, mas é uma luta que a gente está travando. Tem muita empresa que me liga, eu falo os valores em termos de mercado de trabalho e eles cumprem. Hoje, o salário base é de R$ 4,2 mil. Mas tem lugar que não oferece isso, e a nossa luta é para que os profissionais não aceitem, são 4 anos estudando e quem tem o compromisso com a saúde não pode parar de estudar. São 40 horas semanais, começamos a mexer para um acordo coletivo porque tem empresas grandes que exploram”, concluiu.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Durante chuva forte em Campo Grande, asfalto cede e abre ‘cratera’ na Avenida Mato Grosso

Bebê que teve 90% do corpo queimado após chapa de bife explodir morre na Santa Casa

Com alerta em todo o Estado, chuva forte atinge Campo Grande e deixa ruas alagadas

Tatuador que ficou cego após ser atingido por soda cáustica é preso por violência doméstica

Notícias mais lidas agora

Menino de 4 anos morre após tomar remédio controlado do pai em Campo Grande

Pedágios

Pedágio em rodovias da região leste de MS fica 4,83% mais caro a partir do dia 11 de fevereiro

Vítimas temem suposta pressão para abafar denúncias contra ‘fotógrafo de ricos’ em Campo Grande

Morto por engano: Trabalhador de usina foi executado a tiros no lugar do filho em MS

Últimas Notícias

Política

‘CPI do Consórcio Guaicurus’ chega a 10 assinaturas e já pode tramitar na Câmara

Presidente da Câmara, Papy (PSDB) não assinou pedido da CPI após defender mais dinheiro público para empresas de ônibus em Campo Grande

Cotidiano

Decisão de Trump de taxar aço pode afetar exportação de US$ 123 milhões de MS

Só em 2024, Mato Grosso do Sul exportou 123 milhões de dólares em ferro fundido para os EUA

Transparência

MPMS autoriza que ação contra ex-PGJ por atuação em concurso vá ao STJ

Ação pode anular etapa de concurso por participação inconstitucional de Magno

Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados