Cerca de 35% do público que tomou o imunizante de dose única da Janssen em não retornou aos pontos de vacinação para receber a dose de reforço da vacina até a manhã deste domingo (24).

De acordo com os números do Vacinômetro, mantido pela SES (Secretaria de Estado de Saúde), o número total de doses aplicadas com a vacina Janssen no Estado é de 386.953, dos quais 243.737 são referentes à dose única (DU). O portal descreve que 143.178 pessoas receberam a dose extra, mas 100.559 não retornaram para tomar a dose de reforço do imunizante.

A vacina da Janssen foi alvo de alta procura em 2021 e contribuiu até para fenômeno chamado “sommelier de vacina”, na qual pessoas tentavam escolher o melhor imunizante – segundo critérios próprios, e não científicos – nos pontos de vacinação. Isso ocorreu principalmente pela facilidade de ser uma vacina com apenas uma dose, como prometia a fabricante Johnson & Johnson, e também por ser um dos imunizantes aplicados nos Estados Unidos.

No dia 1º de julho de 2021, Mato Grosso do Sul recebeu um lote com 207.050 doses da vacina Janssen contra a Covid-19, que era de aplicação única. Desse total, 165,5 mil foram destinados para vacinação em massa de todos os adultos em 13 municípios da fronteira — Ponta Porã, Ladário, Porto Murtinho, Caracol, Bela Vista, Antônio João, Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, — que participaram de estudo conduzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em parceria com universidades americanas. As outras 41.550 doses foram distribuídas entre 66 municípios do Estado.

Disputa entre Prefeitura de Campo Grande e Estado

Na época, o secretário municipal de Saúde Pública, José Mauro Filho, contestou a remessa de 165,5 mil doses de vacinas da Janssen para aplicação exclusiva em 13 municípios da faixa de fronteira em Mato Grosso do Sul. Segundo ele, se distribuído igualitariamente em todo o Estado, o lote de imunizantes baixaria a vacinação por idade em para 25 anos.

Mauro Filho alegou que a nota técnica do Ministério da Saúde referente às doses da Janssen não especificava municípios. Mesmo assim, a CIB (Comissão Intergestores Bipartite) autorizou a prioridade aos municípios na fronteira do Brasil com Paraguai e Bolívia para a execução de um estudo desenvolvido pelo grupo Vebra Covid, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

“Há um entendimento de que poderia ser todo o Estado. Campo Grande sempre deixou o posicionamento de que essas vacinas deveriam ser distribuídas para todo o Estado, devido ao quantitativo ser suficiente para a gente baixar para até em torno de 25 anos a idade de vacinação na Capital”, disse o secretário, no dia 1º de julho de 2021, antes de entrar em reunião no MPMS (Ministério Público Estadual) para tratar do assunto.

O ex-secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, rebateu as críticas naquela data. Ele reafirmou que as doses destinadas ao estudo são adicionais e questionou o “inconformismo de alguns, que agora querem melar o jogo”.

“Viemos aqui para elucidar dúvidas que a doutora Filomena [Fluminhan, promotora de Justiça] tem para mostrar que alguns setores estão equivocados, para não se comportarem como crianças que levam a bola porque não querem que o jogo aconteça”, complementou Resende.

Busca pela vacina gerou fila quilométrica

Mensagens que circularam nas levaram centenas de campo-grandenses a procurar a vacinação no drive-thru da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) na manhã de 6 de julho de 2021, uma terça-feira.

O texto dizia que só havia vacinas da Janssen — que era de dose única — no ponto da universidade, localizado na saída para Rochedinho. Entretanto, tratava-se de um mito.

Isso porque a (Secretaria Municipal de Saúde) esclareceu que todos os pontos de imunização de Campo Grande estavam aplicando somente Janssen para a 1ª dose naquela terça-feira, que contemplava pessoas com 40 anos.

A reportagem do Jornal Midiamax foi até o local e verificou que a fila começava na Rua Marechal Câmara, virava na rua Tenente Lira, e seguia pela rua do Seminário. A fila somou mais de 2 quilômetros de extensão.