Irmãos enterram Lucimara em Campo Grande e lembram de personalidade forte e independente
Há 17 anos, parentes não tinham contato e depois souberam que Lucimara vivia como moradora de rua, em SP
Graziela Rezende, Danielle Errobidarte –
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Mesmo tristes com as buscas incessantes por Lucimara de Oliveira, de 50 anos, todas sem sucesso, a família ao menos sentiu alívio pelo enterro digno, no Cemitério do Cruzeiro, nesta manhã (10), em Campo Grande. Há 17 anos, parentes não tinham contato e depois souberam que ela vivia como moradora de rua, na cidade de Ribeirão Preto, além de ser dependente química e ter sofrido um infarto.
São ao todo 13 irmãos, sendo 9 por parte de mãe e 4 por parte de pai. Presente no sepultamento, Antônia de Oliveira é uma das irmãs mais velhas. Assim como Lucimara, ela foi para o estado de São Paulo, “tentar a vida”, em meados dos anos 2000. “A Lucimara já estava lá. Ela foi em 1998 e nós morávamos juntas. Trabalhamos na área de alimentação: restaurante, lanchonete, cozinha… ficamos um tempo nessa, até que eu retornei para cá por conta do meu filho, que andava muito sozinho”, relembrou.
De acordo com a irmã, Lucimara esteve em Campo Grande, pela última vez, no ano de 2005. “Ela falava sempre com a mãe e, depois desse ano, perdemos contato. Chegamos a ir até a Polícia Federal atrás dela, só que disseram que o CPF dela estava cancelado. Um tempo depois ficamos sabendo que ela tinha mudado e aí, em uma ONG [Organização Não Governamental], ficamos sabendo que ela tinha morrido”, argumentou ao Jornal Midiamax.
Segundo Antônia, Lucimara estava distribuindo panfletos nos semáforos. “Uma irmã que mora na fazenda viu que estavam procurando parentes e aí soubemos de tudo. Lucimara sempre foi independente, de personalidade forte, tinha o seu próprio emprego. Já trabalhou em casa de família também. Aqui em Campo Grande, no ano de 1997, foi o último emprego dela antes de ir para São Paulo. Quando ela se mudou, a notícia é que ela estava bem de salário, tinha a casa dela, só que nunca casou e nem teve filhos”, explicou.
Outro irmão, Israel Oliveira, de 42 anos, ressaltou que não tinha notícias de Lucimara há quase duas décadas. “A última vez que ela veio aqui foi em 2003. Ela sempre ficava de 10 a 15 dias em Campo Grande para ficar com a nossa mãe. Depois, ela seguida para Coxim onde temos parentes e amigos. Lucimara sempre aparentou estar bem, construindo a vida dela em São Paulo. Era uma pessoa maravilhosa. Lembro que sempre trazia presentes para os sobrinhos e, quando a gente falava sobre retornar, ela dizia que queria ficar morando lá mesmo”, finalizou.
Corpo de Lucimara chegou na noite de segunda-feira (9)
O corpo de Lucimara chegou a Campo Grande na noite dessa segunda-feira (9). Ela, que vivia como moradora de rua na cidade de Ribeirão Preto (SP), era dependente química e sofreu um infarto.
Sem nenhuma identificação, ela poderia ter sido enterrada como indigente no estado paulista. Após matéria publicada pelo Jornal Midiamax no último dia 4, a família soube da morte de Lucimara. A Associação dos Anjos das Ruas, ONG em São Paulo, foi quem fez a divulgação inicial sobre o caso nas redes sociais.
O corpo dela foi trazido pela Pax Jaraguari do Brasil e o sepultamento realizado pela Pax Anjos da Paz, de Campo Grande. “A Associação das Funerárias do Interior de Mato Grosso do Sul foi quem arcou com o combustível”, diz Jhone Barros, proprietário da Pax Jaraguari do Brasil.
Uma vaquinha online chegou a ser feita e arrecadou R$ 2 mil, valor utilizado para comprar o caixão.
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